A edição do
Connected Smart Cities 2019, que aconteceu nos dias 17 e 18 de setembro em São Paulo, reuniu representantes de empresas, de entidades do setor, do governo e da academia para debater as melhores práticas para se criar cidades mais inteligentes, conectadas e humanas.
Apoiadora institucional do evento, a ABES contribuiu com estes debates por meio da realização do
Workshop Cidades Conectadas, no dia 18/09, que abordou importantes temas, tais como a estratégia brasileira para transformação digital nas cidades; como implementar a cyber-resiliência; a relação entre ética, dados e inteligência artificial; o impacto da internet das coisas nas cidades; e as plataformas para zeladoria urbana e estímulo à participação popular na gestão pública.
Paulo Milliet Roque, vice-presidente da ABES, abriu o workshop e falou sobre os vários serviços que a entidade oferece aos seus associados. “Destaco os comitês que debatem temas de interesse, como as questões tributárias e legais de interesse do empreendedor. Há 33 anos, a nossa associação atua para fortalecer o setor de TIC no Brasil, reduzir a insegurança jurídica para o empresário que se vê frente a diferentes leis que impactam seu negócio”, explicou. O executivo apresentou também dados do setor, que estão reunidos na mais recente edição do estudo Mercado Brasileiro de Software – Panorama e Tendências.
RH 5.0 e a estratégia brasileira de transformação digital
O conselheiro da ABES e CEO do Grupo MicroPower, Francisco Antonio Soeltl, ressaltou que a transformação digital já vem ocorrendo há muito tempo e os efeitos dessa mudança estão sendo observados nas novas profissões que estão surgindo e ganhando projeção no mercado de trabalho atualmente, tais como Antropólogos Digitais, Gerente de Jornadas, Analista de Comportamento Digital, entre outras. “Tenho falado ainda do surgimento do RH 5.0 que precisa estar na vanguarda de todas estas mudanças, pois é um profissional que tem novos desafios, para atuar na gestão das mudanças, na capacitação e na redução dos conflitos. A tecnologia sozinha não acontece se não tiver pessoas por trás dela. Pessoas são essenciais em todos os âmbitos”. Soetl falou ainda da importância dos gestores conhecerem a Estratégia Brasileira para a Transformação Digital, que propõe ações em diferentes eixos, considerando o surgimento da economia baseada em dados, o aumento do número de dispositivos conectados, o desenvolvimento de novos modelos de negócios e a revitalização da cidadania e da atuação do Governo.
Transição social
Andriei Gutierrez, coordenador do Comitê Regulatório da ABES, coordenador do Movimento Brasil País Digital e Diretor de Relações Governamentais da IBM, falou sobre a transição de uma sociedade industrial para uma sociedade digital. “Uma transição não ocorre no vazio e isso gera conflitos. Neste cenário, o emprego será um grande desafio, e as instituições precisam ser ressignificadas, pois a forma como elas estão desenvolvendo os jovens está obsoleta. Há uma exigência para novas competências, pois existem vagas no mercado que não estão sendo preenchidas”. Ele também foi enfático ao afirmar que as empresas e o governo precisam ter programas de requalificação para todos, que deve contribuir para a redução dos índices de desemprego. “É vital olhar para o potencial de cada pessoa e orientá-la para uma nova carreira”.
Cidades precisam de proteção resiliente contra os ataques
Em sua apresentação sobre segurança cibernética, Roberto Gallo, CEO e cientista-chefe da Kryptus, abordou o atual panorama de riscos em evolução e a crescente complexidade das ameaças cibernéticas que afetam o funcionamento de diferentes serviços nas cidades. Ele traçou um paralelo entre as crises promovidas por acidentes, que o gestor não pode prever, as situações que o gestor pode prever a partir da análise dos dados e os ataques imprevisíveis promovidos por hackers ou adversários. Para o executivo, é necessário aproveitar as tecnologias emergentes alinhadas com políticas, processos e análise avançada de dados, para proteger as pessoas, os ativos e os funcionários, seja no âmbito corporativo ou governamental. Ele trouxe como exemplos casos recentes de ataques hackers do tipo ransomware, ocorridos em várias cidades do Texas (EUA), que podem afetar a prestação de serviços essenciais à população. “Com uma gestão eficaz dos dispositivos tecnológicos e sistemas, é possível monitorar a cidade em tempo real, processar os dados, aplicar um plano emergencial para atender aquela situação com o objetivo de oferecer maior mobilidade para os cidadãos, modulando a conectividade da cidade”, completou.
O impacto da Internet das coisas nas cidades
De acordo com Werter Padilha, conselheiro da ABES e CEO das empresas Sawluz e Taggen, “todos os países estão no mesmo nível na corrida da internet das coisas”. O empresário também falou sobre o Plano Nacional IoT.br, cuja finalidade é dar mais espaço à IoT no Brasil, implementando e desenvolvendo novas tecnologias, ao mesmo tempo que permite a livre concorrência e a livre circulação de dados, sem deixar de dar devida importância à proteção de dados pessoais. Para Padilha, o plano vai auxiliar na construção de centros urbanos conectados. "Cidade inteligente é o caminho para aprimorar a vida em sociedade e já existem vários projetos sendo desenvolvidos em todo país. As tecnologias em IoT têm sido usadas ou consideradas como essenciais”, afirmou. Ele citou como exemplo o Living Lab de Cidades Inteligentes, um projeto da ABDI e do Parque Tecnológico de Itaipu, um espaço em Foz do Iguaçu (PR) no qual os prefeitos e gestores públicos podem ver diferentes tecnologias em funcionamento.
Tecnologias disponíveis para cidades inteligentes
O representante da W5 Solutions, Marcos Abellón, apresentou uma plataforma conversacional que busca conectar o cidadão a entidades públicas, tomando como base sistemas de mensageria de sucesso, como o Whatsapp. “O desenvolvimento deste produto dá ao contribuinte a facilidade de ter o mesmo serviço disponível na web do órgão público e na palma da sua mão. Todas as respostas são registradas a partir de um simples clique dentro da plataforma de conversa”.
Diogo Cezari, da Magna Sistemas Consultoria, finalizou o ciclo de palestras falando sobre uma plataforma de zeladoria urbana inteligente, que visa aperfeiçoar a cidade para seus moradores, usando a tecnologia para melhorar a qualidade de vida. “Por meio de uma plataforma única de gestão, a prefeitura pode ter maior controle das ocorrências em vias públicas, córregos, arborização e jardinagem, entre outras áreas. Esta plataforma permite receber e responder ao munícipe de forma mais assertiva e com maior rapidez, uma vez que todo o processo fica registrado no banco de dados da plataforma”.
De qualquer forma, de nada adianta o esforço desprendido por entidades e empresas, como as apresentadas durante as palestras, se as políticas públicas não andarem de mãos dadas com a tecnologia e a inovação, uma vez que cada projeto exige uma visão de médio e longo prazos para se tornarem viáveis, transformando as cidades em locais mais sustentáveis, mais humanos e socialmente desenvolvidos.