A segurança cibernética rendeu muitas manchetes e causou dores de cabeça em 2014, com violações em grande escala nas informações em cadeias varejistas, ataques a dados armazenados na nuvem e a revelação de imensas vulnerabilidades em códigos antigos criados há décadas. Atentos a este problema, os pesquisadores do Websense Security Labs apresentaram as principais previsões em cibersegurança para 2015 a fim de auxiliar as empresas globais na interpretação das tendências das ameaças e prevenção para a defesa contra ataques inovadores e sofisticados.
Charles Renert, vice-presidente do Websense Security Labs, explica que os criminosos virtuais adaptam constantemente técnicas e métodos invasivos para burlar sistemas de segurança especificamente criados para detê-los. "Através da análise detalhada e cuidadosa das recentes tendências e táticas do crime cibernético, estabelecemos um elemento comum a todas essas previsões: a atividade das ameaças está aumentando em frequência e sofisticação”.
Entre os destaques do relatório, cuja versão completa está disponível em
http://www.websense.com/2015predictions, estão:
1. Aumento das campanhas de ataques para furtos de dados no setor de saúde
Os registros do setor de saúde reunem muitas informações pessoais importantes e identificáveis que podem ser utilizadas em inúmeros ataques e em vários tipos de fraude. Em um cenário onde milhões de arquivos de pacientes ainda estão passando pela transição do formato em papel para o digital, muitas organizações só agora começam a enfrentar os desafios de segurança para proteger informações pessoais. Por isso, os ataques cibernéticos nesse setor aumentarão.
2. Ataques à Internet das Coisas (IoT) terão como foco as empresas, não os produtos para o consumidor
Conforme a Internet das Coisas acelera a conectividade dos itens cotidianos, aumenta a ocorrência de invasões contra refrigeradores, termostatos domésticos e carros. Contudo, a verdadeira ameaça da IoT provavelmente ocorrerá em um ambiente comercial e não do consumidor. Cada novo dispositivo conectado pela internet no ambiente de uma empresa aumenta a probabilidade de ataques. Esses dispositivos conectados usam protocolos novos, fornecem novas maneiras de ocultar atividade maliciosa e geram mais ruídos que devem ser filtrados com precisão para a identificação das verdadeiras ameaças. Os ataques tentarão provavelmente utilizar o controle de um simples dispositivo conectado para literalmente invadir uma organização e roubar dados valiosos. No próximo ano, os setores industrial e de manufatura testemunharão um aumento no volume de ataques.
3. Os ladrões de cartões de crédito se transformarão em negociadores de informações
Como o setor varejista vem aumentando suas defesas e com a obrigatoriedade de medidas de segurança – incorporando as tecnologia de chip e PIN, os criminosos cibernéticos deverão acelerar o ritmo dos roubos de dados de cartões de crédito. Além disso, começarão a buscar uma faixa mais abrangente de informações sobre as vítimas. Este dossiê mais completo, com mais riqueza de informações pessoais de usuários individuais, consistindo de múltiplos cartões de crédito, dados geográficos e regionais, comportamento e dados pessoais, será cada vez mais comercializado da mesma maneira que cartões de crédito furtados atualmente.
4. Ameaças móveis terão foco mais nas informações credenciais do que nos dados no dispositivo
Com o recurso de login automático dos aplicativos móveis, os dispositivos móveis serão mais visados para ataques em maior escala para o roubo das credenciais de autenticação para serem usadas no futuro. Esses ataques utilizarão o telefone como um ponto de acesso para as aplicações de empresas, cada vez mais baseadas na nuvem, e para os recursos de dados acessados sem restrições pelos dispositivos.
5. Novas vulnerabilidades surgirão de códigos-fonte antigos
OpenSSL, Heartbleed e Shellshock viraram manchetes neste ano, mas existem no código-fonte aberto há anos, esperando para ser explorados. O ritmo do desenvolvimento de softwares exige que novas aplicações se baseiem em código aberto ou código-fonte legado e de uso exclusivo. Como novos recursos e integrações se baseiam nesse código de base, as vulnerabilidades continuam sendo ignoradas. No próximo ano, criminosos explorarão indevidamente e com sucesso os softwares de aplicações divergentes através de vulnerabilidades no antigo código-fonte compartilhado por essas aplicações.
6. Ameaças via e-mails assumirão um novo nível de sofisticação e evasão
Apesar da Web continuar a ser o maior canal para ataques contra as empresas, novas técnicas de evasão de e-mails altamente sofisticadas serão introduzidas e desenvolvidas para superar as mais recentes defesas corporativas. Tradicionalmente utilizado como um chamariz em cenários de ataques passados, o e-mail se tornará um elemento mais disseminado de outras fases de um ataque, inclusive a fase de reconhecimento.
7. Conforme as empresas aumentam o acesso à nuvem e o uso das ferramentas de mídia social, as instruções de comando e controle deverão ser hospedadas em sites legítimos
Os cibercriminosos utilizarão cada vez mais as ferramentas sociais e colaborativas para comandar e controlar sua infraestrutura. Os responsáveis por proteger as empresas dos ataques terão dificuldades em discernir entre o tráfego malicioso e o legítimo em um contexto onde as comunicações com o Twitter e Google Docs são não apenas permitidas, mas também encorajadas.
8. Haverá novos (ou recém-revelados) participantes no campo de batalha da espionagem/guerra cibernética global
As técnicas e táticas da espionagem e guerra cibernéticas entre nações foram basicamente bem sucedidas. Como consequência, países desenvolverão seus próprios programas de espionagem virtual, particularmente em nações que têm previsão de alto índice no crescimento econômico. Adicionalmente, como a barreira de entrada para atividades cibernéticas é mínima se comparada com os custos de guerra e espionagem tradicionais, poderá haver aumento de novas “células”, informalmente afiliadas, que levarão a cabo iniciativas ciberterroristas ou guerras cibernéticas independentes, mas em apoio às causas do estado-nação.