01/09/2015
De acordo com dados divulgados pelo IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil, em 2014, não apresentou o percentual de crescimento esperado. Entretanto, o setor agropecuário obteve uma performance positiva, com um avanço de 0,4% em relação ao ano de 2013. Ao mesmo tempo, analistas apontam o risco do recuo do preço das commodities agrícolas no mercado internacional, que afetaria este desempenho. Os mesmos especialistas dizem que, a fim de se evitar esta situação, os produtores agrícolas precisam melhorar seus ganhos de escala e promover o aumento da produtividade. Para atingir estes objetivos, a utilização de novas tecnologias é uma grande aliada do setor.
Sobre este tema, o portal ABES entrevistou José Bueno, gerente Regional de Vendas da Trimble, associada da entidade. A empresa oferece soluções tecnológicas de ponta para diferentes setores econômicos, incluindo agricultura, transporte e logística. Confira:
O Sr. poderia nos falar sobre a atuação da Trimble no setor agrícola brasileiro?
A empresa tem trazido ao país tecnologias que permitem um controle preciso sobre as mais variadas operações, entre elas, as da atividade agropecuária. A empresa é líder em produtos como piloto automático, principalmente no setor sucroalcooleiro, além de integrar uma vasta escala de tecnologias de posicionamento, incluindo GPS, laser, óptica e inercial com software, aplicativos, comunicação sem fio e serviços para que os clientes coletem, gerenciem e analisem informações complexas mais rapidamente e facilmente, tornando suas atividades mais produtivas, eficientes e lucrativas. Permitimos que o produtor transforme sua fazenda em uma indústria, criando processos e automatizando operações e máquinas.
Quais as tecnologias são as mais procuradas pelos empresários do segmento de agronegócios no Brasil?
Atualmente, o setor está implementando o que chamamos de Agricultura de Precisão, que envolve o gerenciamento de informações, obtidas com mais exatidão por meio do uso de diferentes tecnologias, como o GPS (global position system), nivelamento de terras com laser, uso de GNSS (global navigation satellite system), desenvolvimento de aplicações para coleta de dados GIS (geografic information system), entre outras soluções e equipamentos portáteis, com comunicação wireless e resistentes a choques. Em termos de vendas, os carros chefe da empresa no Brasil são os sistemas de piloto automático, que podem ser instalados em máquinas para adubação, pulverização, colheita, entre outras etapas da lavoura.
Quais são os desafios enfrentados para crescimento do setor de agronegócios no Brasil?
O Brasil é um país ainda tipicamente agrícola, com produção prioritariamente direcionada para a exportação. Mas, mesmo que tenha eficiência no campo, o produtor brasileiro tem custos maiores de logística para escoamento das safras, que afetam a lucratividade e a competitividade. Por isso, o agricultor precisa ser muito eficiente da porteira para dentro, com o uso de tecnologias para produzir mais e melhor. Por exemplo, a avaliação da qualidade do solo via GPS permite controlar a quantidade de fertilizantes e sementes a serem usadas, nos locais corretos e nas quantidades requeridas em cada área, gerando economia de tempo e de material. Busca-se o aprimoramento do gerenciamento agrícola, sendo que a expansão da telefonia celular tem contribuído para isso, permitindo a conectividade da fazenda em tempo real.
Quais os mais recentes avanços tecnológicos que podem ser empregados na agricultura?
O Veículo Aéreo Não Tripulado (VANT), popularmente conhecido como Drone, e a impressão 3D são algumas das novas tecnologias que estão chegando no campo. Ao sobrevoarem as plantações, os drones captam imagens que, junto com softwares, permitem avaliar a plantação, acompanhar o desenvolvimento da safra, medir as áreas, entre outros usos. Sabemos, entretanto, que ainda é necessário regulamentar sua utilização. Já a impressão 3D também apresenta várias aplicações, como gerar uma planta 3D da área a ser cultivada, com informações topográficas de alta definição. O ideal é caminharmos para a união das inovações tecnológicas de imagem, posição e impressão. Até mesmo novos modelos de piloto automático estão em estudo, para que tenhamos o trator sem um operador. Acredito que daqui a uns 5-7 anos essa tecnologia possa ser realidade. Acontece que os obstáculos no terreno ainda são imprevisíveis, como o surgimento de animais ou de um galho de árvore.
Quais os perfis dos clientes da Trimble no segmento agrícola?
A empresa atende desde os pequenos produtores até as grandes empresas do mercado de agronegócios, como a Raízen, braço agrícola do grupo Shell. Temos ainda parcerias com a New Holland, fabricante de implementos como colheitadeiras, e com a Geo Agri Tecnologia Agrícola, pioneira na comercialização de soluções para a agricultura de precisão no Brasil, além de outros distribuidores.
Quais são as metas da Trimble no Brasil para os próximos anos?
Nossa meta é continuar crescendo, num ritmo de 20% ao ano, e ampliar nossa presença nas regiões. Mas, é claro que dependemos da conjuntura econômica brasileira. A Trimble tem uma forte atuação em São Paulo, com as usinas de cana-de-açúcar, que apostam nas tecnologias para redução de custos. Paraná, Rio Grande do Sul, Mato Grosso e Goiás são outros estados nos quais nos destacamos.