26/02/2018
As tecnologias de Internet das Coisas (IoT, da sigla em inglês), que permitem conectar objetos às redes de comunicação baseadas na web para a troca e coleta de informações, tem proporcionado impactos positivos no atendimento aos pacientes e na gestão dos hospitais.
Sintonizada com essa evolução, a Santa Casa de Valinhos, localizada no interior do estado de São Paulo, implementou um projeto de identificação e localização dos equipamentos da UTI, com o uso de beacons, dispositivos que emitem sinais que são captados por antenas conectadas à uma central de controle, responsável por conferir e armazenar os dados em um servidor. A iniciativa foi realizada em parceria com as empresas Taggen Soluções IoT e Biocam Equipamento Médico-hospitalares, onde todos os dados são integrados ao sistema Genesis de Engenharia Clínica, para que sejam analisados pelo Watson da IBM, otimizando assim os recursos do hospital.
O superintendente da Santa Casa, Edson Manzano, explica que o projeto surgiu da necessidade de atualizar o inventário, monitorar os deslocamentos e localizar os dispositivos. "O sistema de rastreamento em tempo real dificulta desvios e furtos, facilita a localização dos equipamentos para o atendimento do paciente, diminui alguns custos de manutenção e agiliza as auditorias dos ativos. Substitui controles que, até então, eram feitos manualmente. Conseguimos otimizar melhor os nossos recursos", destaca Manzano. Entre os equipamentos rastreados estão os monitores cardíacos, bombas de infusão e o eletrocardiográfico. A implantação desse projeto de IoT permite atender as normas vigentes de inventários anuais e também a manutenção do certificado ONA (Organização Nacional de Acreditação), que avalia a qualidade dos serviços de saúde.
De acordo com o superintendente, esse novo recurso vai ao encontro da meta de estabelecer uma gestão transparente e com melhorias contínuas, aspectos fundamentais para o aprimoramento da administração de uma Santa Casa - hospital filantrópico e sem fins lucrativos, que precisa maximizar o direcionamento dos repasses recebidos dos órgãos públicos e as doações.
Como os beacons funcionam
"Os beacons são pequenos dispositivos IoT com tecnologia BLE (bluetooth low energy) que, entre outras funcionalidades, permitem compor soluções de detecção de objetos em ambientes internos a um custo acessível", destaca Werter Padilha, CEO da Taggen. Esses pequenos tags ativos - que no modelo à bateria podem durar vários anos -, são colocados nos equipamentos médicos e enviam os sinais para leitores (gateways IoT) instalados nas dependências internas do estabelecimento. "Os leitores detectarão os beacons atrelados aos ativos e enviarão essas informações através de uma rede wi fi, para nosso serviço em nuvem (cloud) responsável por mapear a localização em tempo real de cada objeto no hospital e disponibilizar a informação a administração ou corpo médico com a criticidade e agilidade exigida. Afinal, estamos falando de controle, otimização e redução de desperdícios em ambientes críticos hospitalares, mantendo a segurança dos pacientes e das equipes", esclarece Rogério Ulbrich, CEO da Biocam.
Diante do sucesso da iniciativa de IoT, a meta do hospital, agora, é ampliar o projeto de monitoramento e localização, com a instalação dos beacons nos equipamentos do Pronto Socorro e do Centro Cirúrgico, acompanhados dos demais recursos técnicos, já no começo de 2018 e, dessa forma, monitorar, aproximadamente, 100 equipamentos, com resultados positivos no atendimento à população.
"Avaliamos esse projeto de forma positiva e inevitável. As tecnologias de IoT, quando bem aplicadas, são um grande apoio no auxílio a diagnósticos, atendimento de pacientes com mais rapidez e segurança e na gestão. Aqui na Santa Casa também temos um aplicativo em tempo real que permite visualizar o prazo de espera no pronto socorro e receber doações seguras, entre outras facilidades", finaliza Manzano.
A Santa Casa de Valinhos tem 102 leitos ativos e realiza, em média por mês, 450 cirurgias, 800 internações e 10.000 atendimentos no Pronto Socorro.