Uma das maiores resistências dos usuários de internet e potenciais doadores de campanhas de financiamento coletivo (crowdfunding) no Brasil, está ligada aos riscos de que o projeto anunciado não atenda as expectativas ou não "Decole"! E esse risco é real e deve sempre ser objeto de reflexão dos financiadores, independente do segmento em que o projeto esteja.
É muito comum, logo após ter uma campanha bem sucedida, que os idealizadores do projeto se empolguem demais e acabem gastando mal, muito ou errado a quantia que lhes foi confiada, gerando frustração e desconfiança nas dezenas de doadores online.
Desde o lançamento da obra "Dinheiro da Multidão: oportunidades x burocracias no crowdfunding nacional", venho sempre alertando sobre a necessidade de se oferecer mais segurança ao mercado de financiadores, para com isso, alavancar a adesão aos sites de financiamento coletivo que despontam Brasil afora. Sem essa recíproca, o crescimento do mercado se torna lento e muitas vezes ancorado em desconfiança.
Além disso, gosto sempre de frisar que esse aspecto não é apenas negativo. Indica que os serviços e empregos indiretos gerados pelos projetos de crowdfunding tem um impacto social muito maior do que apenas fazer o projeto acontecer em seu âmbito econômico. Trata-se de uma nova forma de atingir um mercado consumidor, tornar seu produto ou serviço conhecido, além de, claro, conseguir tirar sua boa ideia do papel.
E essa tendência está sendo adotada mundo afora, inclusive com a criação de "selos de qualidade" em projetos, que tem como finalidade principal certificar ao financiador que aquele projeto atende critérios mínimos de viabilidade, de sucesso e de que os produtos ou serviços sejam entregues e que os prejuízos que temos visto no mercado sejam minimizados.
A largada para essa inovação foi dada pelo Indiegogo, um dos maiores sites de crowdfunding dos Estados Unidos. E eles criaram não apenas o selo, mas uma parceria estratégica espetacular para, além de checar o projeto, torná-lo viável (quase) que a qualquer custo!
Por enquanto, o selo será apenas para projetos ligados a área de hardware, para garantir que as iniciativas dessa natureza consigam chegar até o final. Isso agrega duas fortes ideias de negócios que merecem nossa atenção: a segurança do financiador (usuário) e a consolidação da marca da plataforma e do parceiro de certificação!
A primeira vista pode parecer algo singelo, porém é muito poderoso sob o ponto de vista da consolidação do mercado de financiamento coletivo, especialmente se adotado em mercados mais "desconfiados" como o Brasil. O índice de rejeição a efetuar doações pela rede chega a mais de 60% entre os brasileiros usuários de internet e que poderiam potencialmente financiar projetos. O medo de perder o dinheiro doado é o maior deles (perto de 78%).
Agora, imaginem um cenário em que equipes multidisciplinares analisariam os projetos previamente, elencando gargalos, dificuldades, riscos, analises futuras e planejamento estratégico? Imaginem quantos empregos em consultoria seriam gerados?
Trazer para a rotina das plataformas marcas de peso e que se comprometem a certificar previamente projetos realmente viáveis, cria as pontes de segurança e de alavancagem do mercado que muitas das novas ideias precisam, ainda mais em seu estágio inicial.
É quase uma "mentoria de viabilidade" para o criador do projeto, e que se ele souber aproveitar, gerará um marketing de impacto sem precedentes, ainda mais para produtos e serviços desconhecidos.
Sinceramente enxergo no financiamento coletivo uma nova janela de oportunidades para o mercado de trabalho, incluindo essa vertente de auditores e certificadores pré-lançamento de projetos. Por mais que as plataformas neguem ter responsabilidade sobre o resultado das campanhas anunciadas, mostrar que existe a preocupação em proteger o usuario soa muito bem aos ouvidos de quem gostaria de iniciar seus pequenos financiamentos com o uso dessa ferramenta.
Se quiser conhecer mais sobre Financiamento coletivo no Brasil, acesse a obra totalmente gratuita Dinheiro da Multidão
aqui.