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Paul Robert, da Singularity University, discute disrupção e estimula debate sobre os desafios para o poder público

A ABES SOFTWARE CONFERENCE 2019, realizada no dia 14 de outubro, em São Paulo, contou com uma inspiradora apresentação conduzida por Paul D. Roberts, Diretor de Estratégia e Inovação da Singularity University, no painel “Disrupção – o Mundo em 20 anos”. A questão-chave debatida foi: como as tecnologias convergentes estão causando disrupções, transformando a forma linear de fazer negócios para o modelo exponencial?

A partir das informações trazidas por Paul, verifica-se a importância de ficarmos sintonizados com as pesquisas e estudos em andamento na atualidade, pois trabalhos conduzidos por governos, empresas e universidades, alguns ainda no começo ou outros em fase de testes, proporcionam respostas para vários desafios em áreas como agricultura, medicina, capacidade de processamento de informações, inteligência artificial, entre outras.



Com base na previsão de que, em 2050, serão 9 bilhões de pessoas para serem alimentadas e menos terra para exploração pela agricultura, Paul trouxe exemplos de pesquisas genéticas que estão criando alimentos, como leite e carne; de estudos avançados que permitem a produção de órgãos humanos para transplantes, com menor probabilidade de rejeição e ajudando na descoberta de cura para doenças atualmente sem tratamento. Ele chamou a atenção também para pesquisas que visam aumentar a longevidade do ser humano, garantindo mais saúde e qualidade de vida durante o envelhecimento.

O diretor da Singularity ponderou que, neste universo de ritmo exponencial de mudanças, a convergência das tecnologias será potencializada por inovações fornecidas pela computação quântica, pela computação neuromórfica, com grandes avanços na capacidade de processamento e na democratização da inteligência artificial. Em um futuro, próximo teremos máquinas com capacidade cada vez maior de aprendizado, desenvolvimento de aplicações e solução de problemas complexos.     

Perspectivas para a Cidade de São Paulo

Aline Cardoso, Secretária Municipal de Desenvolvimento Econômico e Trabalho da cidade de São Paulo
, ponderou que a visão de futuro apresentada pelo Paul para os próximos 20 anos impressiona e preocupa, pois o Brasil precisa se contextualizar e se posicionar, para se beneficiar de todas essas inovações. “Como representantes do poder público, temos um desafio de preparar as políticas públicas para este futuro e, de fato, não é uma tarefa simples”, disse. Aline falou que o esforço é o de elevar o município de Sãp Paulo para condições mais favoráveis, identificando os setores que devem ser apoiados e estimulados, por meio do Plano Municipal de Desenvolvimento Econômico, e pensando também no futuro do trabalho e na qualificação dos profissionais.



Aline falou o quanto é importante identificar as oportunidades, mas que em uma cidade como São Paulo, com todas as desigualdades e as diferenças, é preciso se preocupar com a possibilidade de exclusão, com a possibilidade uma parcela da população não se beneficiar deste progresso. “É uma tarefa difícil, a qual a gente, como prefeitura, não pode fazer sozinha. É por isso que contamos com as parcerias que estamos estabelecendo, tanto com as entidades do setor público como com as empresas. Precisamos fazer com que a nossa população se beneficie destes avanços, além de aumentar o interesse das pessoas em se formarem e trabalharem na área de tecnologia da informação. Necessitamos preparar as pessoas para esta disrupção. É paradoxal que, até mesmo os jovens que estão usando tanto as tecnologias, ainda não se enxergam como produtores destas novas tecnologias”, apontou.

Disrupção traz desafios tributários e legais

O painel contou ainda com a participação de Fábio Augusto Luiz Pina, Subsecretário de Comércio e Serviços do Ministério da Economia. Ele considera que pensar o mundo daqui a 20 anos é uma tarefa difícil, porque a velocidade das mudanças e a capacidade de processamento de dados é monstruosamente maior do que no passado e está acelerando. Quanto à disrupção, Pina comentou que o poder público ainda não está preparado para tributar e criar o arcabouço legal para este novo setor e citou como exemplo os debates envolvidos no processo de promulgação da Lei Geral de Proteção de Dados e de criação da Autoridade Nacional de Proteção de Dados. “Para acompanhar esta realidade, que muda tão rapidamente, os marcos legais devem ser flexíveis o bastante para que a gente não volte daqui a 2 ou 3 anos a ter que discutir tudo de novo”, acrescentou.



Pina considera que o grande desafio desta nova economia será o arcabouço tributário e não só no Brasil, pois se trata de uma discussão em andamento na OCDE e em outros lugares no mundo. “Os bens digitais precisam de um mundo com menos fronteiras do que a realidade na qual os produtos são todos físicos. A velocidade de entrega destes bens é absurdamente rápida e o cliente também espera esta entrega rápida”, comentou. O secretário tratou ainda da questão da qualificação profissional como uma importante preocupação. “Não dá para eu encarar o futuro desta nova economia com a formação que o Brasil tem hoje, tanto em qualidade como quantidade. Como todos sabem, precisamos melhorar nosso sistema educacional", finalizou.

Jorge Sukarie, presidente da Brasoftware, vice-presidente do Conselho da ABES e moderador do painel “Disrupção – o Mundo em 20 anos”, parabenizou a entidade pela realização de mais uma edição da conferência, que tem evoluído em sua programação desde a primeira edição, sempre proporcionando conteúdo relevante e especialistas de renome para seus associados.