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Mão na roda

04/12/2017




Por Jaime de Paula, fundador e CEO da Neoway
 
Em toda a história do marketing, nada é melhor do que uma boa campanha publicitária para acelerar vendas. Raramente há um caso de sucesso nesta área sem um comercial inesquecível, um jingle arrebatador ou um slogan daqueles que grudam mais que chiclete (quem não se lembra de “Caixinha de emoções”, feito para os chicletes Adams?). Mas, em determinados momentos, as empresas se viram diante de iniciativas que impulsionaram e mudaram para sempre o ambiente de negócios.
 
No final do século 18, por exemplo, o comerciante Francis Plate, na tradicional rua londrina Charing Cross,inventou a vitrine. Antes dele, as lojas mais pareciam casas e não havia uma janela de vidro que mostrasse as mercadorias que podiam ser adquiridas pelo consumidor. Cerca de cem anos depois, a americana Sears iria popularizar a venda por catálogo (em 1894, por exemplo, a mala direta da empresa contava com 322 páginas, que apresentavam ofertas que iam de máquinas de costura a automóveis). E,por fim, no início do novo milênio, o e-commerce surgiu para mudar tudo.
 
Ou seja, nada substitui uma boa campanha quando o assunto é venda. Mas, de tempos em tempos, surge alguma coisa para mostrar novas oportunidades de negócios. É exatamente o que ocorre hoje com o Big Data e as chamadas vendas preditivas. Hoje, fala-se muito sobre esse tema. Contudo, a maioria das pessoas não tem ideia do potencial que a análise inteligente de dados pode proporcionar.
 
Não estamos falando daquele expediente que está em todo site comercial, que analisa o comprador e oferece produtos que têm a ver com seu perfil de consumo. Hoje, com ações de Big Data, é possível traçar estratégias consistentes, encontrar com mais facilidade prospects no mercado e construir relações comerciais mais duradouras.
 
Recentemente, fizemos um estudo na área de foodservice, um setor que cresceu muito no passado recente – são mais de 460 000 restaurantes ativos no país. Nosso cliente era um fornecedor deste mercado, que queria ampliar suas vendas de alimentos e bebidas. Seu foco era o grupo de operadores que faturavam mais de R$ 5 milhões ao ano. Com base em informações públicas, encontramos rapidamente esse alvo.
 
Tome-se como exemplo o estado de Santa Catarina: são cerca de 20 000 operadores. Destes, quase 3000 estão baseados em Florianópolis. Ao cruzar informações disponíveis, chegamos a 21 restaurantes com receita igual ou superior a R$ 5 milhões. Com isso, nosso cliente teve mais clareza e objetividade em relação aos seu mercado em potencial. O mesmo modelo seguido em Florianópolis foi utilizado para encontrar futuros clientes pelo Brasil como um todo.
 
Outro exemplo é o da área financeira.
 
Um grande banco estabelecido no mercado brasileiro, por exemplo, utiliza nosso sistema para cruzar inúmeros dados próprios e informações públicas. Assim, é possível medir o potencial de investimento desses correntistas e atingir um alto nível de assertividade na oferta de produtos. O mesmo ocorre para encontrar prospects, seja de pessoas físicas ou jurídicas. Como oferecemos um sistema fácil de manejar, os próprios funcionários da instituição podem trabalhar diretamente o software, controlando as variáveis de análise e os filtros. O resultado disso? Cerca de 40 % de aumento de prospects com real possibilidade de conversão de vendas.
 
Moral da história: uma coisa é pescar no mar aberto, sem saber exatamente onde procurar os peixes. Outra é contar com um sonar sofisticado, que mostra não somente os cardumes, mas também que espécies estão ocupando determinados espaços do oceano. Neste caso, fica bem mais fácil, não é?
 
Jaime de Paula: formado em engenharia elétrica e doutor em engenharia de produção na área de mídia e conhecimento, pela Universidade Federal de Santa Catarina. Fez carreira ao longo de mais de 18 anos em empresas como Perdigão, Cecrisa, Paradigma Tecnologia, e outras, sendo dez anos como CEO de TI. Jaime é responsável por mais de 26 patentes de softwares de inteligência artificial.