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Jorge Sukarie analisa desempenho do setor de software e serviços

21/01/2014

Jorge Sukarie, presidente da entidade, em entrevista exclusiva ao Portal ABES, faz um balanço das ações da associação para o desenvolvimento do setor e avalia o desempenho e as oportunidades do mercado brasileiro de software.
 
Como a ABES avalia a performance do mercado brasileiro de software em 2013?  Como fica este desempenho frente ao mercado mundial?
As primeiras informações indicam que o setor deve crescer bem acima do PIB, como era previsto. Nosso estudo apontava a previsão de crescimento de 14,5% para 2013 nos investimentos em TI no Brasil. Este crescimento colocará o Brasil entre os maiores crescimentos no mundo, superando inclusive a China. Falando especificamente do mercado de software, ele deve acompanhar esta mesma tendência.
 
Pesquisas de empresas e institutos apontam diferentes tendências para o setor (big data, BYOD, cloud computing, criptografia, mobilidade, crescimento do SaaS, biometria etc). Quais as tendências para o setor apontadas pela ABES?
Confirmaram-se as previsões de crescimento do mercado de mobilidade, com aumento expressivo na venda de dispositivos móveis (smartphones e tablets) e o aumento de soluções para este mercado. O “cloud computing” também cresceu de forma expressiva. Outras tendências apontadas como big data e redes sociais, ainda que em menor escala, também tiveram sua oportunidade de crescimento. Eu diria que estas quatro tendências são as tendências macro que continuarão ditando os rumos do setor no próximo ano.
 
Quais foram os principais resultados alcançados pela ABES o ano passado?
Do ponto de vista legislativo, o trabalho junto a parlamentares, para garantir que os Projetos de Lei em discussão no Congresso estivessem alinhados com os interesses do Setor. Como exemplos, podemos citar o Marco Civil da Internet, legislação sobre o ISS e o esclarecimento sobre a importância da liberdade de escolha da plataforma de software nas licitações públicas.
Do ponto de vista de política setorial, a ABES participou ativamente das discussões junto ao MCTI sobre a evolução do Programa Estratégico de Software e Serviços de Tecnologias da Informação (TI Maior) e seus desdobramentos e resultados.
Do ponto de vista institucional, ultrapassamos os 1500 associados, sendo que foi superada a marca de 1000 associados diretos. Esta conquista foi possível através dos investimentos que a Entidade vem fazendo ao longo dos últimos anos na oferta de mais serviços aos seus associados como, por exemplo, o novo Portal, Seguro Saúde, Diretoria de Inovação e Fomento, entre outros.
 
Quais são os principais projetos e programas da entidade para 2014?
Retomar as discussões no Congresso sobre as questões legislativas que afetam diretamente o setor de software, como o Projeto de Lei de Terceirização, Reforma Tributária, Reforma Trabalhista, Proteção à Propriedade Intelectual, além dos temas que não foram votados em 2013, como o Marco Civil da Internet. Para facilitar esse trabalho e ganhar uma uniformidade na voz do setor junto ao Executivo e Legislativo, vamos incrementar a parceria com outras entidades, através da FNTI (Frente Nacional das Entidades de TI), reativar a Frente Parlamentar de Informática no Congresso Nacional e buscar estarmos mais próximos do Governo nos projetos ligados ao setor para podermos influenciar e potencializar os resultados positivos ao nosso segmento. Com relação ao aspecto Institucional, devemos continuar a busca por uma maior oferta e qualidade de serviços, com o objetivo de aumentar o quadro de associados, ampliando, assim, a representatividade da Entidade.
 
O tema do Marco Civil da Internet não avançou e não foi aprovado no Congresso Nacional. O que a associação espera da questão em 2014 e o impacto desta demora?
O Marco Civil da Internet teve uma evolução muito grande nos últimos seis meses, especialmente após as denúncias de violação de privacidade pela NSA feitas por Edward Snowden, tema que ganhou importância junto ao Executivo e que, atualmente, está trancando a pauta na Câmara dos Deputados.
A nossa expectativa é que o Projeto seja votado nos primeiros seis meses de 2014. Entretanto, o atraso na sua votação não deve trazer nenhum impacto significativo para o setor ou para sociedade.
 
De acordo com a Gartner, o setor de software para empresas será o mais dinâmico em 2014, com o conjunto de gastos globais subindo 6,8%, para 320 bilhões de dólares. Isso deverá ocorrer também no Brasil? Em sua opinião, o Brasil voltará a subir no ranking levantado pelo estudo IDC/ABES? Em caso positivo, impulsionado por quais setores?
O mercado de software para o ambiente empresarial tem crescido bastante no Brasil nos últimos anos e deve continuar com este dinamismo em 2014 também. Com a nossa expectativa de que o Brasil tenha uma das maiores taxas de crescimento nos investimentos de TI, puxados pelo crescimento maior no setor de software e serviços, é muito provável que o país suba no ranking mundial desses setores.
 
Em relação à defesa da propriedade intelectual, como avalia as ações contra a pirataria de software realizadas em 2013?
Em 2013, mais uma vez a ABES se destacou em suas ações de defesa à propriedade intelectual. O Projeto “Empreendedor Legal”, lançado em março de 2013, acabou recebendo o importante reconhecimento do Conselho Nacional de Combate à Pirataria, ligado ao Ministério da Justiça, com o prêmio de melhor iniciativa econômica no combate à pirataria de 2013.
 
Quais os principais desafios para os empresários brasileiros do setor em 2014?
O ano de 2014 promete ser um ano desafiador para os empresários brasileiros, com o carnaval fora de época (março), Copa do Mundo e Eleições. Também devemos acompanhar atentamente a economia do país, que precisará provar sua força para manter os ratings do Brasil junto aos institutos internacionais e, principalmente, a credibilidade junto aos Investidores que têm ficado céticos com relação ao Brasil por conta para últimas ações do governo. Como se tudo isto não bastasse, teremos ainda que conviver com a burocracia do país, alta carga tributária, custo Brasil, etc, que nos jogam entre os países de menor índice de competitividade do mundo.
Apesar de todas estas dificuldades, o Brasil, por mais incrível que possa parecer, ainda é um dos poucos países com grande potencial de crescimento, que vive atualmente os efeitos do “bônus demográfico” com a maior parte de sua população economicamente ativa, com um aumento extraordinário de consumo, fruto da ascensão social com a incorporação estimada de 106 milhões de consumidores às classes média e alta.
O setor de TI em especial se beneficia diretamente deste enorme potencial da economia brasileira e tem demonstrado isto com seu crescimento de dois dígitos em todos os anos durante a última década, desde que lançamos o primeiro Estudo sobre o Mercado Brasileiro de Software e Serviços, em 2004. A tendência é que este crescimento do setor continue sendo muito superior ao aumento do PIB do Brasil e caberá aos empresários do setor aproveitar esta oportunidade.