06/05/2015
Por Helcio Beninatto, presidente da Unisys para América Latina
Esta época é bastante propícia para se analisar as principais tendências que guiarão a indústria de tecnologia em 2015 e nos anos seguintes. Temas como Internet das Coisas, Big Data, Wearables, Computação em Nuvem, Impressão 3D, ''Software-defined everything'' e BYOID (Bring Your Own Identity) aparecem nos relatórios das grandes consultorias do mercado. Em todas essas tendências, no entanto, está embutido um componente crucial: a inovação. E nunca se buscou tão fortemente a inovação como nos dia de hoje.
Inovar é a palavra de ordem que deve permear todos os setores da economia. No caso específico do Brasil, tendo em vista os ajustes fiscais e econômicos promovidos para que o país retome um ritmo de crescimento sustentado nos próximos anos, a inovação tem um papel vital para que as empresas consigam superar desafios críticos em suas áreas de atuação, melhorar a eficiência de custos e investir assertivamente para crescer, gerar empregos e renda.
Mas o que significa inovação? Diria que mais do que aprimorar soluções e adaptar serviços, inovar implica na capacidade de repensar e recriar, de forma constante, o que se está fazendo. Inovar é a coragem de rasgar o papel e começar tudo de novo em uma folha em branco se for preciso. Uma empresa precisa se reavaliar periodicamente e, por mais que o time ''em campo'' esteja ganhando, se existem novas possibilidades e caminhos é preciso mudar a tática do jogo. Para o grande guru da administração Peter Drucker, a inovação com base no conhecimento pode ser gerida e seu sucesso depende de uma análise cuidadosa das várias formas de conhecimento necessárias para tornar a inovação uma realidade. A prática constante da inovação defendida por Drucker é uma regra dos tempos atuais.
No entanto, inovar constantemente é justamente um dos maiores desafios das organizações em todo o mundo. Talvez porque se imagine que a inovação deva nascer obrigatoriamente nas mesas dos altos executivos das companhias. Isso também é possível, mas em geral quem está na linha de frente - em contato direto com clientes, parceiros, fornecedores e outros públicos de interesse - têm muito mais conhecimento sobre a atividade-fim da empresa e, portanto, pode contribuir significativamente com ideias inovadoras para aprimorar o negócio, ou ainda transformá-lo completamente. Basta que essas pessoas estejam motivadas e sejam estimuladas a fazê-lo.
Nesse sentido creio que cabe aos líderes o papel de agente mobilizador e facilitador da inovação nas organizações. Isso passa por iniciativas bem simples, como conhecer bem os funcionários, saber suas aspirações, seus propósitos e anseios, promover o espírito de equipe e colaboração, adotar uma política de ''portas abertas'' e, com isso, estabelecer uma relação de confiança e transparência com as equipes. Também é função dos líderes lançar desafios constantes para que os profissionais tenham a inovação como algo inerente às suas atividades. Por fim, recompensar as pessoas pelas boas ideias e iniciativas fecha o ciclo do fomento à inovação.
O filósofo grego Platão teria dito que "a necessidade é a mãe da inovação". Mas se podemos adotá-la como parte integrante de nossas atividades, por que esperar? O desafio está em jogo.