19/09/2017
Realizada no dia 18 de setembro, em São Paulo, a ABES SOFTWARE CONFERENCE 2017 teve como tema central “Negócios emergentes: do Blockchain ao IoT” e contou com o painel “Empreendedorismo, Inovação e Oportunidades de Negócios”, que contou com palestras que se complementaram nos assuntos tratados e confirmaram a mudança de era que estamos vivendo. A moderação foi realizada por Werter Padilha, empreendedor e coordenador do Comitê IoT da ABES.
Dual transformation
O Prof. Dr. Eduardo Costa, diretor do LabChis (Laboratório de Cidades mais Humanas, Inteligentes e Sustentáveis, iniciou sua apresentação com a proposta de falar sobre como as empresas grandes e estabelecidas podem “surfar” as ondas da inovação, tendo em vista a necessidade de proteger e ampliar os negócios e os ativos, defender a marca construída e sua posição de mercado. “Várias organizações estão implementando processos de inovação baseados no conceito de Dual Transformation, no qual a empresa 1) se concentra no que faz melhor, aprimorando esse serviço ou produto a partir das novas tecnologias; e 2) aposta em uma inovação significativa, capitalizando algum ativo principal da empresa, seja a partir de estudos internos ou de novos negócios vindos de uma startup”.
Costa ressalta que os empresários precisam ficar atentos aos sinais precoces de disrupção, como as taxas de crescimento desacelerando, mudanças no comportamento do consumidor e a chegada das startups, entre outros fatores. Como exemplo positivo de transformação dupla, o especialista citou a Adobe, que foi a primeira grande empresa a adotar, em 2008, o modelo de venda SaaS - software como serviço. Para quem deseja se aprofundar no assunto, o palestrante indicou a leitura do livro “Dual Transformation”, de Scott Anthony.
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BNDES e as transformações nas políticas de fomento
Em sua apresentação, Irecê Kauss, superintendente de Fomento e Inovação do BNDES, lembrou que o banco se dedica, de longa data, a conhecer, apoiar e desenvolver o setor de software e TI e que essa política continuará e será aprimorada. “O Prosoft acabou e se tornou uma linha de financiamento chamada Finem TI, incorporada ao portfólio do BNDES. Começamos a realizar algumas operações de financiamentos e aceitado garantias em recebíveis, considerando as dificuldades das empresas de TI em oferecer garantias reais”, explicou.
Como alternativas de financiamento para MPMEs, Kauss citou o Portal do Desenvolvedor, uma nova ferramenta que facilita o acesso das MPMEs às linhas de financiamento do BNDES por meio dos bancos credenciados, e o Cartão de Crédito BNDES, que já tem 2400 empresas de software cadastradas e mais de 8 mil itens de produtos e serviços nesse segmento ofertados. Esse cartão pode ser usado, inclusive, para obtenção de certificações. A executiva falou ainda sobre os avanços no Plano Nacional de IoT, que está em fase final de elaboração e será divulgado até outubro. Os relatórios e mapeamentos produzidos até o momento estão à disposição para consulta nesse site.
Confira a apresentação.
A quarta revolução industrial
Rafael Moreira, assessor especial para Indústria 4.0 e diretor de Tecnologias Inovadoras do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC), destacou que não tem como os governos desenharem políticas públicas sem considerarem a quarta revolução industrial e toda a profusão de tecnologias disruptivas, como robótica, big data, realidade aumentada, impressão 3D, internet das coisas, entre outras. “São tecnologias habilitadoras que perpassam todos os setores industriais. Até mesmo o governo brasileiro vai ter que mudar completamente o jeito como formata as políticas industriais, sejam para o mercado interno ou em acordos internacionais de comércio exterior, como o Mercosul”, explicou.
O executivo contou que o Brasil tem buscado inspirações nos Estados Unidos, na China e também em países europeus, realizado estudos sobre os ganhos de produtividade e as sinergias entre tecnologias, que tem derrubado as fronteiras intersetoriais, vão mudar as cadeias de valor global, o mercado de trabalho e a empregabilidade. “Temos um grupo formado por cerca de 150 pessoas, do qual a ABES faz parte, visando estruturar uma agenda propositiva para a Indústria 4.0, com objetivos de curto, médio e longo prazos, considerando que os desafios e as questões são enormes. Anunciaremos, em breve, medidas objetivas para criar uma plataforma para a indústria 4.0 no Brasil”, finalizou Moreira.
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Smart city e blockchain
Esse painel contou ainda com a apresentação realizada por Jonny Doin, empreendedor e CEO da Grid Vortex, que lembrou os desafios impostos pela velocidade cada vez mais rápida da economia e pela aceleração das transformações tecnológicas que afetam as concepções de negócios. “Com as smart cities, o mundo cibernético intangível toma forma a partir das infraestruturas inteligentes, dos dispositivos de IoT, que estão com preços cada vez mais reduzidos”, observou. Os dispositivos de IoT estarão medindo serviços de consumo de energia elétrica e água, gerando dados e estimulando big data, realizando biometria criptográfica, controles de acesso e pessoas, logística e compliance de contratos, entre outras aplicações.
“Uma das coisas importantes que precisamos analisar e resolver nesse cenário é a resiliência aos ataques cibernéticos a fim de conferir mais confiança nas transações, imperativos que a tecnologia de blockchain pode resolver. “Dez milhões de dispositivos de IoT em uma cidade, por exemplo, sem segurança são como ´armas´ nas mãos dos cibercriminosos. O IoT sem segurança tem grande potencial de nos trazer riscos jurídicos, falhas de privacidade, fraudes em transações”, advertiu Doin. “O blockchain nas smart cities cria uma linha de tempo de eventos não fraudáveis, garantindo a rastreabilidade, o histórico de registro e a compliance de contratos. Essa tecnologia permite transações de alta confiabilidade, garante segurança cibernética e resiliência aos ataques, além de ter gerenciamento descentralizado e redundância, pois os arquivos de dados são mantidos em múltiplos locais”, finalizou.
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