08/10/2018
Edital Fábricas do Futuro vai destinar R$ 3 milhões para empresas e instituições realizarem testbeds
O Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC) e a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) publicaram nesta quarta-feira o resultado final do Edital de Chamamento público nº 1/2018 para as chamadas “Fábricas do Futuro” (testbeds, no termo em inglês). Os 10 projetos de fábricas inovadoras habilitados serão financiados com até R$ 300 mil cada um pelo governo brasileiro.
Essas fábricas funcionam da seguinte maneira: centros de tecnologia de universidades ou empresas desenvolvem projetos de soluções inovadoras para resolver problemas reais. Em seguida, produzem protótipos e realizam testes. Quando a iniciativa está testada e ajustada ao processo produtivo já existente, ela é implantada nas fábricas das empresas que contribuíram com o projeto, acelerando e barateando o processo de inovação.
Das 10 iniciativas que serão as vitrines da indústria 4.0 nos próximos anos, cinco são de São Paulo, duas de Minas Gerais, duas do Paraná e uma do Rio Grande do Sul. Em 2019, outras 10 “fábricas do futuro” serão selecionadas para receberem financiamento do governo federal.
As propostas escolhidas terão um apoio financeiro da ABDI no valor máximo de R$ 300 mil por projeto. Aos empreendedores cabe aportar pelo menos 10% do valor total do projeto, seja como contrapartida econômica ou financeira. Isto é, considerando os investimentos em bens e serviços, como, por exemplo, horas dispendidas por técnicos das empresas beneficiárias, horas técnicas dos membros da governança e disponibilização de espaços (auditórios, salas de reunião), ou em recursos.
Para o ministro da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, Marcos Jorge, é fundamental que o Estado cumpra o papel de indutor nesse processo de modernização dos parques fabris brasileiros. “Incentivar as chamadas fábricas do futuro é nosso dever. Os ganhos serão enormes. As tecnologias testadas poderão ser aplicadas em linhas de produção ou em processos produtivos, de maneira geral, com mais assertividade. Isso garante mais eficiência e maior retorno econômico-financeiro para o setor privado”, explica ele. Marcos Jorge diz ainda que o aumento da densidade tecnológica do setor produtivo brasileiro trará como reflexo oportunidades de trabalho mais complexas e, portanto, mais bem-remuneradas.
O secretário de Inovação e Novos Negócios do MDIC, Rafael Moreira, acredita que a iniciativa contribui para que o Brasil tenha uma espécie de “vitrine da indústria 4.0”, um “showroom”. Segundo ele, até 2019, serão financiadas 20 “fábricas do futuro”, que demonstrarão como tecnologias 4.0 poderão ser aplicadas em diferentes setores da economia brasileira.
Confira os projetos selecionados:
Parque Tecnológico de São José dos Campos (SP): A tecnologia de Internet das Coisas (IoT, na sigla em inglês) será testada e avaliada em diversas aplicações de indústria 4.0. A instituição propõe o monitoramento do parque de máquinas, cibersegurança, comunicação máquina a máquina como alguns dos temas a serem trabalhados no testbed.
Escola Politécnica de São Paulo – São Paulo (SP): A Fábrica do Futuro 4.0 será um centro multidisciplinar, com atuação voltada para o desenvolvimento de soluções práticas para aumentar a competitividade da indústria e na disseminação de conhecimentos de manufatura avançada por meio de programas específicos.
Universidade Federal de Uberlândia (MG): Sistemas de gestão de manufatura, realidade aumentada e visão computacional são algumas das tecnologias utilizadas por startups que irão participar do projeto. O testbed irá gerar modelos de negócios para tecnologias como manufatura aditiva, materiais avançados, simulação de ambientes produtivos e inteligência artificial.
Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) – Ponta Grossa (PR): Será desenvolvida uma plataforma educacional digital para captar desafios da indústria e da sociedade. A ideia é estimular novas habilidades para os futuros profissionais. A capacidade de ser replicada é um requisito da proposta que tem o intuito de romper fronteiras para aproximar os conceitos da Indústria 4.0 da educação universitária.
Metalsa – Osasco (SP): O projeto pretende prever falhas e melhorar a qualidade das peças automotivas para tornar o processo mais competitivo e de fácil interpretação e tomada de decisão, somando assim o desenvolvimento de competências e auxiliando ao avanço tecnológico da indústria nacional, bem como a disseminação do novo processo para outras empresas do setor.
Universidade do ABC (UFABC) – Santo André (SP): O objetivo é introduzir técnicas da indústria 4.0 sob a ótica da cultura lean, para eliminar desperdícios e identificar possíveis falhas. Para isso a proposta inclui o desenvolvimento de um sistema de Manufatura Avançada, a criação de uma plataforma de experimentação que simule a escala de produção em um cenário real, além de difusão do conhecimento.
Senai – Belo Horizonte (MG): A proposta é montar uma sequência de processos produtivos, totalmente integrados, que simula o funcionamento de uma fábrica real, e que pode evoluir de um modelo de produção de tipo tradicional para um modelo que implementa métodos e tecnologias da Indústria 4.0. O objetivo é disponibilizar caminhos para inovação, desenvolvimento técnico e mão de obra especializada.
Embraer - São José dos Campos (SP): Construção de um testbed para demonstrar a aplicação integrada das tecnologias de Robótica Colaborativa & Cooperativa, IoT, Computação em Nuvem, Visão Computacional e Wearable Devices em um processo complexo de Montagem de Estruturas Aeronáuticas.
Assitencal – Novo Hamburgo (RS): O projeto tem como objetivo o suporte ao processo de desenvolvimento dos aplicativos para customização de calçados. Seria possível testar o conforto dos calçados, prevendo as sucessivas mudanças durante o desenvolvimento do projeto diminuindo o tempo de manufatura.
Justino de Morais, irmãos (Jumil) – Batatais (SP): A proposta consiste no desenvolvimento de uma plataforma digital para integrar dados e informações online que busca proporcionar uma melhor transparência da produção através de diversos indicadores como: paradas de produção, produtividade real, capacidade produtiva, horas trabalhada, índices de qualidade e eficiência dentre outros, utilizando tecnologia IoT.
Sobre a ABDI
A Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) surgiu no momento de retomada das políticas públicas de incentivo à indústria, em 2004, e se legitimou com órgão articulador dos diversos atores envolvidos na execução da política industrial brasileira. Em mais de uma década de atuação, sob a supervisão do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC), a ABDI é a agência de inteligência do governo federal para o setor produtivo e oferece à indústria completa estrutura para a construção de agendas de ações setoriais e para os avanços no ambiente institucional, regulatório e de inovação no Brasil, por meio da produção de estudos conjunturais, estratégicos e tecnológicos.