Marcelo Lombardo
Se eu pedisse para você citar um segmento onde sem nenhuma dúvida, a inovação domina e sempre gera ganhos, qual você diria que é? Acredito que o segmento de Software seria citado como um dos primeiros, se não o primeiro, pois em poucas áreas ocorreu tanta inovação nos últimos dez anos como nessa.
Mas e se eu dissesse que apenas pouco mais da metade das empresas de Software no Brasil conseguem obter algum resultado significativo da inovação, seria surpreendente? Na verdade... não. Como sempre digo, a inovação não é apenas inspiração e criatividade. Inovação é uma atividade que depende de um conjunto de processos assim como qualquer outra.
E para comprovar isso, acabou de sair do forno (publicada em 3 de agosto de 2013) uma pesquisa sobre “Inovação aberta na indústria de Software”, comandada pelo Professor Dr. Paulo Henrique S. Bermejo, da Universidade Federal de Lavras. Você pode baixar a pesquisa
aqui.
O que essa pesquisa com 596 empresas de diversos portes demonstra claramente é que as empresas que mais conseguem obter resultados com a inovação são aquelas que possuem altas taxas de:
Mas, o que podemos observar de mais interessante é que essa pesquisa confirma que dois grandes mitos foram detonados:
Mito No. 1 – Detonado!: sabe aquele papo “vamos comprar uma empresa ou tecnologia inovadora para impulsionar o nosso resultado com a inovação”? Pois é... Em geral, isto não funciona. O maior ponto fora da curva que observamos na pesquisa é justamente esse. As empresas de pior performance em termos de inovação são as que mais praticam a transferência de capital intelectual (circulado na imagem do gráfico).
Esse efeito é fácil de entender: frequentemente vemos no mercado empresas pequenas e geniais sendo compradas por empresas maiores. Mas afinal por que a empresa comprada era genial e inovadora? Porque tinha pessoas geniais? Sim, mas eu garanto:
pessoas geniais existem em todo o lugar, porém elas normalmente ficam apagadas por processos e estruturas antiquadas. E assim que o modelo de gestão da empresa compradora é propagado para a empresa genial recém-comprada, a genialidade rapidamente se dissipa no meio de políticas, regras, procedimentos, organogramas e aprovações dos diversos níveis da velha e boa
bullshit corporativa.
Mito No. 2 – Detonado!: Sistemas de código livre, ou Open Source, potencializam a inovação.
Um detalhe que chamou muito a atenção na pesquisa é que as empresas com melhores níveis de inovação são as que possuem menor nível de uso de tecnologias Open Source, sendo o contrário verdadeiro: quanto menor o nível de resultados com a inovação, mais a empresa utiliza Open Source. Portanto, mais um mito totalmente detonado.
Particularmente nunca achei que o Open Source fosse salvar a humanidade. Sempre vi essa frente apenas como “mais uma opção”, mas nunca como a única ou a principal. Outras pesquisas como a da ABES, mostram que apenas 4% do PIB de Software no Brasil é impulsionada pelo Open Source. E como sempre os
comunas do governo apostando no cavalo errado...
Então vamos lá, lições aprendidas:
1 – Se você pretende comprar uma empresa ou tecnologia inovadora para impulsionar sua velha empresa, trate-a como uma unidade à parte dentro da organização, que não está sujeita às mesmas regras do restante.
2 – Se você quer que a inovação aconteça, estude e implante processos que façam com que as ideias criativas ganhem foco e sejam valorizadas. Se você quer algumas dicas, veja meu artigo sobre como criar um organograma que ajuda a inovação.
3 – Nada de errado em adotar soluções Open Source, mas não deposite nelas suas esperanças de conseguir inovação. A maioria consegue, no máximo, criar atalhos para chegar a alguma solução mais sólida.
Marcelo Lombardo é fundador da NWG e criador do Omie