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Gartner destaca cinco domínios para a plataforma digital

26/10/2016


Gastos com TI no Brasil devem crescer 2,9% em 2017
 
São Paulo sedia a mais recente edição do Gartner Symposium/ITxpo, evento no qual o Gartner, líder mundial em pesquisa e aconselhamento imparcial em tecnologia, destaca as suas mais recentes análises dos mercados brasileiro e mundial de TI. Atualmente, um dos focos dos debates no setor tem sido a transformação digital dos negócios, que impactam não só as empresas, mas a forma como as pessoas vivem.
 
Cassio Dreyfuss, VP de Pesquisa do Gartner

No Brasil, as análises precisam levar em consideração o período de turbulência gerado pela crise econômica. “Em momentos de aumento das ameaças, temos também mais oportunidades. Os gestores de TI precisam entender que o planejamento estratégico, apesar de difícil, se torna ainda mais necessário”, disse Cassio Dreyfuss, VP de Pesquisa do Gartner.
 
Para o executivo, o planejamento estratégico é uma das 3 ferramentas-chave para a gestão. As outras duas são: a arquitetura, que deve oferecer à organização a combinação de recursos que a empresa precisa para chegar aos objetivos de negócios; e a governança, que mantém o alinhamento e a integração entre os projetos e os recursos.
 
De acordo com Dreyfuss, a receita para a transformação digital inclui agilidade, flexibilidade, colaboração e dois programas: um focado na otimização de custos e outro que estabeleça as etapas da transformação digital. “Quando falamos em otimização de custos, não estamos dizendo que a empresa precisa fazer cortes. A redução linear de custos em uma empresa acaba sendo uma decisão burra do ponto de vista de negócios, pois cada setor tem um impacto específico nas despesas. Esta é uma decisão extremamente estratégica, a ser baseada em dados de cada área”, completou Dreyfuss.
     
Gastos com TI no Brasil
 
Os gastos com TI no Brasil devem atingir R$ 236,1 bilhões em 2017, um aumento de 2,9% comparado a 2016, de acordo com a última previsão feita pelo Gartner. Os analistas afirmam que, no futuro, o fortalecimento da moeda real fará com que o dólar referente a TI vá além, ajudando as organizações a atualizarem suas tecnologias conforme a melhora da economia brasileira.
 
“A volatilidade significativa da taxa de câmbio e os desdobramentos políticos têm impactado o mercado brasileiro nos últimos dois anos. No entanto, de uma perspectiva de gastos com TI e em um momento de comportamento de austeridade do mercado, o Brasil está começando a mostrar sinais de recuperação. O País está em uma fase de transição em direção às tecnologias com um impacto nos negócios em curto e médio prazo e uma transformação digital em longo prazo”, afirma Luis Anavitarte, Vice-Presidente de Pesquisa do Gartner.
 
Projeções do Gartner para 2017 em relação a 2016 apontam que o segmento de dispositivos (incluindo PCs, tablets, celulares e impressoras) no Brasil deve atingir um total de R$ 46 bilhões, um aumento de 5,3%. Os gastos com sistemas de Data Center totalizarão R$ 6,8 bilhões, uma queda de 1,4% sobre 2016. Já as despesas com software irão chegar a R$ 14,6 bilhões, crescendo 7,8%. Gastos com serviços de TI alcançarão R$ 55,4 bilhões em 2017, um aumento de 6,3%, e os serviços de comunicação devem ter um crescimento estável, totalizando R$ 113,3 bilhões em 2017. Software e serviços de TI serão a chave para o desenvolvimento da infraestrutura da civilização.
 
A Infraestrutura da Civilização
 
Val Sribar, vice-presidente de Grupo do Gartner

Val Sribar, Vice-Presidente de Grupo do Gartner, explicou, durante o Symposium/ITxpo, que a infraestrutura de transformação digital será a mais importante conquista de TI da próxima década: “A infraestrutura da civilização, termo que adotamos no Gartner, mudará para sempre a forma como as pessoas agem social, digital e fisicamente por meio de sensores conectados e da inteligência digital”. Segundo o Vice-Presidente, os CIOs irão participar da criação de uma nova plataforma digital baseada em inteligência, que permitirá a criação de ecossistemas, negócios conectados e indústrias em queda. Ela irá mudar a própria sociedade e a forma como as pessoas vivem.
 
A Infraestrutura da Civilização será uma nova plataforma digital que se estenderá para além da infraestrutura tradicional de TI utilizando novas tecnologias atípicas para a área. “Uma nova plataforma digital permitirá que as empresas participem do mundo evolutivo dos negócios, Governo e ecossistemas de consumidor, porque esses ecossistemas são a próxima evolução digital. São como se compete em escala”, afirma Sribar.
 
A nova plataforma digital consiste em cinco domínios: sistemas tradicionais de TI, experiência do cliente, Internet das Coisas (IoT), inteligência e fundação de ecossistemas. “Esses domínios estão interconectados e são interdependentes. Todos têm uma função e todos são necessários”, explica o analista.
 
O Gartner explica os cinco domínios da nova plataforma digital:
 
Sistemas tradicionais de TI: é a forma como os CIOs dirigem e escalam operações, construindo em cima do que já foi criado, utilizando sistemas tradicionais de TI de alta performance (como os Data Centers e redes) e modernizando para serem parte da plataforma digital.
 
Por exemplo, empresas líderes de mercado já estão na metade do caminho de transição para a Nuvem, começando pelas áreas de Vendas e Marketing e agora com metade das capacidades de suporte em vendas já em Cloud. Essa migração continuará até o final da década para áreas como RH, Compras e Gestão Financeira. “É preciso tornar as capacidades de Nuvem, mobilidade, social e dados o foco das empresas enquanto investem na resiliência, continuidade dos negócios e recuperação de desastres, visão e abordagem externa híbrida”, afirma Sribar.
 
Experiência do cliente: é como os CIOs se conectam e envolvem em novas empreitadas. A experiência digital pode ser a única interação entre os clientes e a organização. É assim que as empresas se comportam no mundo digital. As companhias pioneiras estão explorando como as novas experiências de realidade virtual e aumentada mudarão o engajamento com os clientes.
 
“No mundo dos chatbots e dos Assistentes Pessoais Virtuais (VPAs, do inglês Virtual Personal Assistants), os aplicativos de celular e até mesmo a presença das organizações na web se tornarão muito menos relevantes”, aponta o Sribar. “O novo diferencial competitivo é entender a intenção do cliente por meio de algoritmos avançados e da inteligência artificial, criando novas experiências que resolvam os problemas antes até mesmo que os clientes percebam que existam”.
 
A Internet das Coisas (IoT): é a maneira como a empresa sente e age no mundo físico. Adicionar dispositivos ao domínio da IoT é a parte fácil. Já os processos, fluxos de trabalho e a integração de dados são bem mais complicados. De fato, dois-terços das empresas já tiveram de reestruturar seus sistemas de TI existentes para acomodar a IoT. A Internet das Coisas também muda a forma como os CIOs devem investir em Analytics porque o tempo para tomada de decisões mudará de dias para minutos e então para instantes. Os executivos devem planejar a mudança de seus investimentos para Analytics em tempo real, que até 2020 será três vezes mais utilizado do que o Analytics tradicional, constituindo 30% do mercado.
 
Inteligência: é como os sistemas analisam, aprendem e decidem de forma independente. Os CIOs começam com a gestão tradicional, ciência e inteligência dos dados. Os algoritmos determinam a ação. O novo tipo de inteligência, dirigido pela aprendizagem de máquina, é a inteligência artificial. “Estamos construindo máquinas que aprendam com a experiência e que produzam resultados que seus criadores não previram explicitamente. São sistemas que podem experimentar e adaptar-se ao mundo por meio dos dados coletados. A aprendizagem de máquina e a inteligência artificial mudam na velocidade dos dados, não na velocidade da liberação de códigos, que têm agora as informações como nova base”, explica Sribar.
 
Base de Ecossistema: é o modo como a empresa interage como uma instituição no mundo digital e vai além da capacidade de decidir. Os CIOs precisam desenvolver a capacidade de interagir com os clientes, parceiros, indústrias adjacentes e até mesmo com a concorrência de forma que os ecossistemas permitam a transformação de negócios tradicional com cadeias de suprimento de valor lineares para os negócios com ecossistemas digitais em rede.
 
“Muitos modelos de indústria irão se transformar com os ecossistemas digitais, mudando de simples relações dirigidas por intermediários para parcerias distribuídas gerenciadas por um sistema de registro compartilhado como o blockchain. Construir um ecossistema forte ajudará a administrar a transição. Os ecossistemas são o futuro do digital”, diz o Vice-Presidente do Gartner.