17/01/2019
Autonomia das coisas, tecnologias imersivas e ética e privacidade digital serão alguns dos temas que irão impactar a sociedade em 2019, de acordo com Andre Miceli
Com a contínua e ágil transformação digital no Brasil e no mundo, a expectativa em relação ao que acontecerá em 2019 é enorme. Reconhecido por apontar tendências digitais dos últimos anos, o coordenador de digital business da FGV, professor Andre Miceli, faz suas apostas, especialmente no que diz respeito a evolução do blockchain, a autonomia das coisas, tecnologias imersivas e ética e privacidade digital. Em suas análises passadas, ele destacou com bastante antecedência a queda das criptomoedas no modelo atual, a ascenção da Amazon, o aumento do uso de analytics, a personalização das ofertas no comércio eletrônico, a utilização da realidade virtual no mercado imobiliário, o aparecimento de aplicativos de mobilidade locais .
"Quem consegue antecipar ou tem acesso às tendências, se prepara frente à concorrência e desenvolve diferenciais competitivos fundamentais para seguir no mercado", destaca o especialista em sociedade digital.
Tendências digitais para 2019, de acordo com Andre Miceli:
Ética e privacidade digital
Esse será um dos principais temas do ano no Brasil. A ética e a privacidade digitais são uma preocupação crescente para indivíduos, organizações e governos. As pessoas estão cada vez mais preocupadas sobre como suas informações pessoais estão sendo usadas por organizações nos setores público e privada e por isso, a demanda por clareza aumentará para empresas que não estejam abordando proativamente essas questões. Espero que haja um foco crescente em conformidade, mitigação de riscos e valores nos próximos anos mas 2019 será importante pois marca o último ano completo antes do limite para adequação da Lei Geral de Proteção de Dados brasileira. As empresas terão até 2020 para implementar as mudanças obrigatórias aprovadas esse ano por aqui. Por isso, haverá investimento, demanda e diversos serviços necessários. Parte da questão da privacidade é ética mas agora, parte é lei. Os dois casos doem no bolso e isso costuma gerar movimentações importantes.
Autonomia das coisas
O termo Autonomous things será cada vez mais comum. As coisas autônomas, abreviadamente AuT, ou a Internet de Coisas Autônomas, abreviada como IoAT, representam a chegada dos computadores no ambiente físico, através de entidades que funcionam sem a necessidade direção humana, movendo-se livremente e interagindo com pessoas e outros objetos. Nos últimos anos, vimos uma evolução bastante consistente das tecnologias de inteligência artificial. Chegou a hora de começarmos a presenciar uma aplicação prática delas. Robôs, veículos, drones e eletrodomésticos serão a porta de entrada. No Brasil, os tratores na agricultura e robôs nas fábricas marcarão o começo. No mundo, já será possível ver perspectivas bem claras para os demais equipamentos.
Blockchain
Nas análises sobre como seria 2018, recebi várias críticas por ter dito que haveria uma separação entre bitcoin e blockchain, por assim dizer, seu livro-caixa. Vamos pensar: uma busca no Google por blockchain, excluindo o termo bitcoin retorna mais de 165 milhões de registros. Parece que sim, as pessoas estão falando de um sem o outro. E, por estarem falando, em 2019 veremos algumas indústrias adotarem a tecnologia em seus negócios. A tecnologia deve começar a remodelar algumas indústrias, permitindo a acordos descentralizados, proporcionando transparência e reduzindo o atrito entre os ecossistemas de negócios. Embora muitas empresas estejam apenas começando a explorar blockchain e avaliar seu potencial, os primeiros usuários, como Walmart e Maersk, já estão expandindo seus programas-piloto.
Tecnologias imersivas
Abrimos uma etapa onde, nas próximas duas décadas, veremos uma adoção colossal de plataformas de conversação. Esses instrumentos, que mudam a maneira através da qual as pessoas interagem com o mundo, trarão uma nova experiência imersiva. Os equipamentos de realidade aumentada, mista e virtual têm potencial para aumentar a produtividade em diversos setores, aumentar a percepção de indivíduos com algum tipo de limitação física, mudar as maneira de perceber formas, acompanhar pessoas, falar, viajar, consumir conteúdo e, em linhas gerais, viver. O próximo ano será um marco na popularização dessa experiência.
E-sports
Os e-sports crescem de uma maneira muito expressiva, especialmente nos Estados Unidos, na China e também no Brasil. Com um público de mais de 160 milhões de entusiastas e centenas de competições acontecendo e sendo transmitidos pela internet e por televisões de diversos países e as receitas atingindo três dígitos, é natural e consequente que o interesse pela modalidade só aumente no próximo ano. Algumas tendências nesse cenário parecem cabíveis, como a convergência no modelo de negócios, o surgimento de franquias e um número cada vez maior de praticantes e espectadores dos e-sports.