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Entrevista: Guilherme Calheiros, diretor de inovação e competitividade do Porto Digital

25/04/2014



Executivo fala de Economia Criativa  e explica os objetivos e conquistas da iniciativa nordestina
  
Numa conjuntura em transformação, tecnologia e cultura se uniram para criar o Porto Digital, parque tecnológico pernambucano fundado em 2000, em resposta a problemas locais e também à crise econômica dos anos 90.  O empreendimento foi instalado no centro histórico de Recife e promoveu a revitalização do patrimônio histórico e o desenvolvimento econômico. 
 
O parque tecnológico pernambucano reúne pequenas e médias empresas locais de tecnologia, assim como empresas nacionais e multinacionais, com uma grande variedade de negócios de desenvolvimento de software e economia criativa: inteligência artificial, gestão hospitalar, gestão contábil, games, software embarcado, entre outros produtos e serviços.  Atualmente, os principais parceiros são: o MCTI – Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, o Ministério da Cultura, o Sebrae – Pernambuco, o BNDES, o CNPq e o Finep.    
 
Indústria, governo e academia se uniram para estabelecer uma Política de Tecnologia da Informação para a região. “Cada um destes vértices entrou no projeto por motivos complementares. A universidade precisava fortalecer o capital humano que não ficava no estado, promover a retenção do talento que se formava. As empresas perdiam negócios, pois as maiores companhias de TI que operavam em Pernambuco se deslocaram para o eixo Rio - São Paulo. Já  o poder público tinha interesse em mudar a plataforma econômica do estado, até então centrada no açúcar e na indústria têxtil”, explica Guilherme Calheiros, diretor de Inovação e Competitividade do Porto Digital, que concedeu entrevista ao Portal ABES, explicando os objetivos e conquistas do empreendimento pernambucano.
 
- Quais os principais desafios para os empreendedores que desejam atuar em negócios focados em Economia Criativa?

Quando nos propusemos a abrir uma frente de atuação em Economia Criativa, percebemos que os criativos precisavam de apoio em quatro eixos, que são a base do Portomídia (nosso Centro de Empreendedorismo em Economia Criativa): educação, empreendedorismo, experimentação e exibição.
Em educação, existem gargalos técnicos que precisam ser eliminados. Para isso, os empreendedores precisam frequentar cursos que atendam às demandas do mercado e se capacitar continuamente, pois esse é um mercado que avança tecnologicamente o tempo todo. Em empreendedorismo, temos nossa incubadora de negócios criativos. Nesse ponto, o auxílio vem por meio de consultorias, treinamentos e assessorias na área de negócios.
Em experimentação, temos uma estrutura com tecnologias de ponta, que seriam muito caras para uma empresa ter individualmente. São salas de pós-produção, equipamentos de última geração, alguns com poucos ou nenhum correspondente no Brasil. Em exibição, contamos com uma galeria de artes digitais, que possibilita interatividade com o público – o consumidor final da Economia Criativa.
 
- Quais os eventos programados em 2014 para divulgação dos projetos das empresas do Porto Digital?
O Porto Digital não faz eventos para divulgar suas empresas, mas elas sempre são convidadas a exporem suas experiências em eventos de terceiros – de foco regional ou nacional.
 
 - Pode citar alguns cases de sucesso das empresas que participam do Porto Digital?
A Mr. Plot, incubada no Portomídia, é uma spin-off da quarta dimensão (empresa de TIC com 6 anos no mercado), que existe desde 2011. A empresa foi fundada oficialmente (CNPJ) em 2013 e ainda está na fase de investimento, com capital 100% próprio. Com a primeira temporada do programa de TV Bita e os Animais pronta, já começaram a realizar os primeiros contratos. Os primeiros clientes são Sony Music e Discovery Kids. Foi faturado pouco mais de 100 mil reais de licença para exibição em TV e advance dos royalties do DVD. A expectativa é fechar o ano de 2014 com um faturamento de R$ 500 mil.
 
A Joy Street, desenvolvedora de games, é uma empresa especializada na concepção, desenvolvimento e operação de ambientes digitais de aprendizagem baseados na interação social e em jogos digitais colaborativos. É uma empresa de inteligência capaz de proporcionar uma experiência única de aprendizagem com diálogo e diversão. Criou a Olimpíada de Jogos Digitais e Educação/Joy Escola, plataforma de aprendizagem lúdica dos conteúdos do ensino médio e fundamental, composta por uma rede social gamificada, missões baseadas em uma narrativa, torneios e serviços de monitoramento. Os desafios são apresentados em forma de minijogos, jogos textuais e enigmas (questões baseadas na matriz de competências do ENEM).
 
A Neurotech, desenvolvedora de projetos de inteligência artificial, é uma empresa pioneira no Brasil no desenvolvimento de soluções avançadas para automação de todo o ciclo de decisão em operações de crédito, cobrança, risco e fraude. Criada em 2000 por pesquisadores da Universidade Federal de Pernambuco, a Neurotech faz da inovação, elevada competência técnica e estreito relacionamento com clientes e parceiros, pilares da sua atuação no mercado. Nossa ampla experiência está apoiada no desenvolvimento de mais de 500 soluções ao longo dos anos no mercado de crédito e risco, sempre empregando as melhores práticas, processos e ferramentas tecnológicas para a construção de soluções de apoio à decisão.
 
- Quais as funções das incubadoras?
As incubadoras CAIS do Porto e Portomídia têm como principal objetivo fomentar o empreendedorismo inovador em Pernambuco e no Brasil.
A CAIS do Porto dá suporte a empreendimentos nascentes de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) voltados para o desenvolvimento de soluções de problemas reais dos setores produtivos do estado de Pernambuco, situados no interior ou na capital. Já a incubadora do Portomídia apoia a estruturação de empreendimentos nascentes de economia criativa (multimídia, jogos digitais, cine-video-animação, design, música e fotografia – todos com uso intensivo de tecnologia), além de contribuir para projetar o Recife como centro de referência nesse segmento.
 
Cite projetos do Porto Digital para 2014?
Neste ano, nosso principal plano é a implantação do serviço de compartilhamento de carros. No ano passado, implantamos o compartilhamento de bicicletas, que foi um sucesso e serviu de exemplo para outros programas em todo o estado de Pernambuco. O car sharing é parte do projeto de mobilidade urbana do Porto Digital, que visa a melhorar o trânsito no Recife, começando pelo Bairro do Recife, onde estamos localizados (para saber mais sobre o projeto car sharing, clique aqui).
 
Porto Digital em números
  • Em 2001, contava com a participação de 5 empresas e 200 pessoas. Atualmente, reúne 230 empresas e organizações
  • Empresas dirigidas por 500 empreendedores e empregam cerca de 7100 pessoas
  • Faturamento anual das empresas supera a marca de R$ 1 bilhão, sendo que 70% deste montante vem de contratos firmados fora do Estado de Pernambuco
  • 34 projetos articulados
  • Meta para 2022: ter 20 mil pessoas ocupadas em atividades de alta qualificação profissional