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'Empreender é sinônimo de inquietude', diz Guilherme Coan, da Involves

28/11/2016

 
Para falar sobre empreendedorismo na prática, o Portal da ABES traz uma entrevista com Guilherme Coan, cofundador da Involves, que atua no segmento de trade marketing, com a solução Agile Promoter, para que ele nos apresente a sua visão sobre os desafios de empreender. Fundada em 2008, em Florianópolis (SC), a empresa tem uma carteira com mais de 180 clientes e atua em 11 países da América Latina, com destaque para a Colômbia, e também na África. O Agile é uma solução SaaS, que favorece uma gestão mais estratégica do ponto de venda, facilitando o monitoramento da equipe de campo, a roteirização inteligente e o acompanhamento de performance da execução de merchandising no PDV, tudo em tempo real.
 
Além de se diferenciar por ser uma empresa nova e já internacionalizada, a Involves foi selecionada duas vezes para o programa de aceleração Promessas, da Endeavor e, de acordo com Coan, a organização se destaca como uma scale-up, título dado pela organização às empresas de alto impacto, ou seja, que crescem e empregam acima da média. “Outra característica deste grupo de empresas é ser formada por mais sócios. Quando começamos, éramos jovens universitários e nos unimos por conta do gosto pela música. Hoje, os ex-membros da banda de garagem compartilham não só acordes, mas também a ambição de crescer 200% neste ano”, contou o executivo. Confira a entrevista:
 
- Para você, o que significa empreender?
Empreender é sinônimo de inquietude. Significa sair da zona de conforto e desafiar-se diariamente em busca de um sonho. Não ter medo de colocar a mão na massa e estar pronto para trabalhar 24 horas por dia. O empreendedor precisa ser polivalente e vai precisar se envolver em todas as áreas do negócio. Vai precisar pensar fora da caixa, se arriscar e, ao mesmo tempo, ser resiliente diante das dificuldades e aprender com elas. Enfim, empreender é atitude com um pouquinho de loucura.
 
- Vocês, da Involves, apostam mais na inovação disruptiva ou na inovação incremental na gestão de negócios?
Nosso processo de desenvolvimento é baseado principalmente em inovação incremental. Por meio de uma plataforma de open innovation, chamada Involva-se, nossos clientes contribuem com ideias de novas funcionalidades e sugestões de melhorias para o nosso software Agile Promoter. Essas ideias são avaliadas em primeira instância pela nossa equipe interna, que verifica a viabilidade e a compatibilidade com a nossa solução. Quando aprovadas, elas são disponibilizadas para toda a nossa comunidade de clientes, que podem votar nas ideias mais relevantes para os seus negócios. Assim, conseguimos desenvolver sob demanda.
 
Além disso, temos alguns projetos voltados à inovação disruptiva. Estamos buscando novas tecnologias para combiná-las e integrá-las a nossa solução. Esses são projetos mais demorados e demandam mais energia, tempo e pesquisa. Para finalizar, estamos estruturando um processo interno para estimular nossos colaboradores, os Involvidos, a pensarem fora da caixa e a trazerem sugestões de novos produtos e projetos. Queremos criar um espaço que favoreça a inovação e encorajá-los a tirar essas ideias do papel.
 
- Quais é o primeiro passo, em sua avaliação, a ser dado por uma pessoa que deseja empreender no segmento de tecnologia?
O primeiro passo para empreender em qualquer setor é ter coragem e gostar de colocar a mão na massa. Isso vale não apenas para o segmento de tecnologia, mas para outros setores também. Na maioria das vezes, será necessário deixar para trás uma situação confortável para apostar em algo incerto e duvidoso. Sempre haverá o risco de perder tempo e dinheiro. Esse risco pode ser mitigado com o apoio da família e amigos. Será mais difícil sem a ajuda deles. Outro passo importante é buscar sócios que partilhem dos mesmos valores e que estejam dispostos a dividir os riscos também. Ter alguém no mesmo barco e que tenha a mesma vontade de empreender será uma força a mais nos momentos difíceis. No mais, é trabalhar, suar e trabalhar mais um pouco.
 
- Qual é a principal dica para a gestão do relacionamento entre sócios, em sua opinião?
Na Involves somos em seis sócios. Muitas vezes, escutamos que seria difícil construir uma empresa com tantas opiniões e pontos de vista diferentes no comando. Estamos há quase oito anos juntos e posso afirmar que nunca tivemos uma briga ou um momento de grande estresse. Sempre soubemos escutar um ao outro e, mesmo quando havia divergências de opiniões, prevalecia o bom senso e o respeito. Os arrogantes que me desculpem, mas humildade é fundamental. Um sócio não pode querer brilhar mais que os outros. E, se em algum momento isso acontecer, em decorrência dos negócios, os demais precisam apoiar e aplaudir aquele que estiver em evidência. Saber reconhecer quando está errado e que o outros têm razão é essencial para a saúde do relacionamento. No nosso caso, sempre falamos que a amizade é maior que a sociedade. Nada melhor do que ter os meus amigos como sócios.
 
- Quais são as suas dicas para atrair investidores?
O primeiro passo é tirar as ideias da cabeça e colocar a mão na massa. Dificilmente alguém irá investir em um projeto que está apenas no âmbito de ideia (eu disse “dificilmente”). Comece com o que estiver ao seu alcance e desenvolva um MVP (mínimo produto viável, em português). Dica importante: desde o começo, preocupe-se com a escalabilidade do seu negócio/produto/solução. Será muito mais fácil atrair investidores, se o seu negócio for escalável. Não precisa ser nenhuma inovação disruptiva ou miraculosa para conseguir um investimento. Ela precisa resolver algum problema latente e precisa ter mercado para crescimento. Os investidores estarão sempre abertos a escutar sobre novos negócios. Outra dica: não espere nada fácil. Os investimentos virão depois de muito suor e trabalho.
 
- O ecossistema brasileiro de startups em TI tem crescido. Como avalia esse cenário? Como fazer para que mais startups obtenham sucesso?
Tenho visto muitos ecossistemas crescerem e ganharem visibilidade, principalmente o de Santa Catarina, onde estamos inseridos. O ditado diz que uma andorinha só não faz verão, por isso, a importância das empresas de TI interagirem e se ajudarem, junto com as associações e entidades que fomentam o empreendedorismo, para fortalecer o ecossistema. As empresas precisam sair dos seus casulos e participar mais de eventos, discussões, visitar outras organizações para fazer benchmarking. Essa interação é saudável para o crescimento das startups e também para o desenvolvimento do ecossistema como um todo. O fato de existirem empresas de alto crescimento neste meio, como as scale-ups, também ajuda a dar visibilidade para outras empresas da região e a trazer mais investidores.