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Diretora de Inovação da ABES fala sobre desenvolvimento das cidades inteligentes

18/02/2014

Em meio ao crescimento contínuo e, muitas vezes, caótico das metrópoles, vemos que gestores públicos, especialistas e a população desejam a concretização de projetos para solução dos problemas urbanos, como trânsito e mobilidade, moradia, lazer, saúde, preservação do meio ambiente e sustentabilidade, segurança, entre outros temas.
 
As metas incluem: melhorar a qualidade de vida, gerar emprego e renda, diminuir a desigualdade social e melhorar a circulação nas cidades. Entretanto, o caminho em busca desta transformação inclui várias vias. As estratégias e ações para a criação de cidades inteligentes são sempre desejadas e citadas. Mas, por onde se começa um projeto deste porte?  
 
Para falar sobre o assunto, o Portal ABES entrevista Jamile Sabatini Marques, diretora de Inovação e Fomento desta entidade. Doutoranda em Gestão do Conhecimento pela Universidade Federal de Santa Catarina, Jamile é mestre em Gestão de Inovação pela École de Mines de St-Étienne, França, e especialista em gestão de empresas.
 
1) O que são cidades inteligentes?
É importante observar que vários conceitos de cidades inteligentes têm sido discutidos. Estudando o assunto, verifico que as cidades inteligentes integram todos os contextos da vida urbana, como economia, mobilidade, pessoas, lugares, governo, ambiente e conectividade inteligente.
 
Posso dizer que numa cidade inteligente, encontramos três dimensões interligadas:
1) Pessoas – entram os fatores de inteligência, inventividade e criatividade dos indivíduos que vivem e trabalham na cidade;
2) Comunidade, que diz respeito à capacidade destas pessoas de cooperarem, trocarem conhecimento e inovarem. É o que denominamos de inteligência coletiva, da população de uma cidade; e as
3) Tecnologias, que podemos chamar de inteligência artificial, com a infraestrutura de comunicação, mobilidade e os sistemas digitais.  Esta dimensão tecnológica é transversal e está presente em todos os contextos da vida na cidade, tais como transporte, saúde e gestão ambiental.    
 
2) Como os administradores públicos podem conduzir o processo de urbanização crescente?   
O poder público tem papel importante mas, como apontamos, precisa existir a mobilização da sociedade - incluindo a população, os acadêmicos, os artistas e os empresários – para que o processo de urbanização seja melhor conduzido.    Os administradores, especificamente, podem contribuir com políticas públicas e benefícios fiscais para atração de empreendedorismo e inovação, podem investir em programas de atração de jovens talentos, implementar moderna infraestrutura, sobretudo no uso intensivo da tecnologia da informação e comunicação e estimular um estilo de vida com elevada consciência social e ambientalmente sustentável. Importante ainda estabelecer parcerias com a iniciativa privada.
 
3) Quais são os principais exemplos internacionais de cidades inteligentes?
Melbourne, na Austrália; Barcelona, na Espanha; e Helsink, na Finlândia. De forma geral, são cidades que investiram na excelência em pesquisa, com boas universidades e instituições de P&D; estabeleceram políticas com visão estratégica e planejamento de longo prazo; promoveram a capacitação dos cidadãos; contam com mecanismos de governança e transparência governamental; e oferecem acesso a tecnologias de comunicação a preços baixos.
 
4) Existe algum exemplo no Brasil de cidade inteligente ou de iniciativas mais modernas e sustentáveis?
No Brasil, verifica-se a existência de iniciativas que visam a criação de regiões inteligentes, ou cidades que se dizem inteligentes em uma só dimensão.  O Rio de Janeiro tem o projeto Porto Maravilha; Recife tem o Porto Digital. Florianópolis tem uma proposta de uma região inteligente no norte da Ilha, no entorno do Sapiens Parque, chamada Florip@21.
 
5) Como a TI e os softwares ajudam na concepção e gestão neste modelo de metrópole?
Os recursos de TI e os softwares estão presentes e são fundamentais em todas as dimensões de uma cidade inteligente. Em função disso, dizemos que a tecnologia é transversal, pois ela dá corpo e interliga tudo, a fim de diminuir a burocracia, facilitar a conectividade e a mobilidade e melhorar a qualidade de vida, além de estimular o empreendedorismo e a inovação.   
  
6) Poderia citar livros ou sites para aqueles que estão interessados em pesquisar mais sobre o tema?
A maior parte dos estudos foi realizada fora do Brasil. Os interessados podem pesquisas livros e artigos publicados por Nicos Komminos, Richard Florida, Tan Yigitcanlar, Marc Wolfram, entre outros.