04/01/2018
Por Daniela Mendonça, presidente da LG lugar de gente
2017 se despede deixando um legado de muitas transformações. A começar pelas profundas mudanças que a tecnologia trouxe para o mercado de trabalho. É consenso entre estudiosos que o mundo corporativo, a economia e a sociedade de forma geral já vivenciam a Quarta Revolução Industrial. O ritmo está acelerado. Dia após dia existem novas regras para os negócios, para a maneira como se atrai, recruta e desenvolve os talentos. Afinal, quase todas
as práticas empresariais estão sendo afetadas, desde a aprendizagem, a gestão, até a própria definição de trabalho.
É por isso que, em 2018, CEOs, gestores de RH e líderes devem estar de olho em alguns desafios que vão impactar a produtividade das empresas e também mudar a relação das corporações com seus colaboradores.
Robotização no mercado de trabalho
Com a chegada das soluções de Robotic Process Automation (RPA), o uso de “robôs” ou “bots”, sistemas de automação que atuam em conjunto com outras máquinas, é possível realizar atividades, que até então só podiam ser executadas por pessoas, com maior precisão e altíssima performance.
Para que se torne viável, é necessário que as tarefas sejam repetíveis, escaláveis e tenham um fluxo contínuo de informações, como o recebimento de currículos e preenchimento de informações dos candidatos em outro software, dentro de um processo de seleção, por exemplo. Nesse cenário, os RPAs vão obrigar os profissionais que hoje atuam com atividades operacionais, independentemente da área, a se desenvolver para um perfil criativo e que necessite de mais reflexão, pensamento crítico e de menos repetição.
Gestão humanizada
Ao mesmo tempo em que esses sistemas ganham espaço, as companhias também percebem que é necessário investir na gestão humanizada. Com a tecnologia executando atividades rotineiras, é possível dedicar tempo em um relacionamento mais próximo. Nesse cenário, o desafio dos gestores é conseguir conciliar os objetivos pessoais e profissionais dos colaboradores com as estratégias das empresas, bem como manter a produtividade da organização.
O intuito dessa prática é valorizar a interação e o bem-estar dos funcionários em prol de melhores resultados para a companhia. Em um mercado profissional competitivo, a humanização também é uma importante ferramenta para a retenção de talentos. Além disso, o exercício desse tipo de gestão reflete diretamente no atendimento humanizado dos clientes pelos colaboradores: se eles vivenciam, têm maiores chances de também praticarem.
Liderança inclusiva
Outro assunto fundamental é a diversidade no ambiente corporativo. Trabalhar diversas etnias, raças, crenças e gêneros nas equipes pode trazer uma série de benefícios para as empresas. O primeiro deles é tornar os processos de trabalho mais criativos e eficientes. Como consequência, os funcionários se sentirão mais motivados.
Uma pesquisa realizada em 2015 pela Harvard Business Review revelou, por exemplo, que nas empresas onde o ambiente de diversidade é reconhecido, os trabalhadores estão 17% mais engajados e dispostos a ir além das suas responsabilidades. Também foi identificado que a existência de conflitos chega a ser 50% menor do que em outras organizações. Isso significa que quando trabalhamos em um ambiente que aceita as diferenças, também nos sentimos mais à vontade para aprender, arriscar e contribuir.
Tecnologia
2018 vai marcar a consolidação do uso da inteligência artificial, people analytics e games no mundo dos negócios. Em 2017, essas tecnologias começaram a ser adotadas e algumas empresas já entendem como podem aplicar essas ferramentas para otimizar o trabalho de seus times.
O investimento em people analytics, ferramenta fundamental para uma gestão de pessoas estratégica, vem com mais força. Essa plataforma agrupa as informações sobre pessoas em um único lugar, proporcionando conclusões mais assertivas para RH e gestores, que precisam tomar decisões pautadas em dados concretos e não apenas em feeling.
eSocial
Para encerrar, não poderíamos deixar de citar o eSocial. O projeto do governo federal, que irá unificar a maneira como as empresas prestam suas obrigações trabalhistas e previdenciárias, entra em vigor no primeiro mês de 2018 e é dividido em fases para facilitar a adaptação. No entanto, o maior desafio para as companhias é a mudança de cultura. Por isso, o projeto irá movimentar organizações e gestores e não apenas a área de RH, como muitos acreditavam no início.
Já deu para perceber que o ano de 2018 vai ser movimentado. Desafios e mudanças não faltarão aos executivos e suas equipes. Mas é possível passar por essa etapa com mais tranquilidade. De que maneira? Invista em tecnologia para que seus processos burocráticos se tornem automatizados e precisos e também para tornar as decisões mais certas, aumentar a produtividade e reduzir o overhead. Mas, sobretudo, desenvolva seu capital humano e valorize o ativo mais importante da sua empresa: as pessoas.