Valentin Sribar, Vice-Presidente Sênior do Gartner, explicou, que agora é tempo para organizações estarem mais abertas para se adaptarem a mudanças. Segundo ele, os líderes precisam trazer novas práticas, desenvolver novas competências e criar novos meios para obter sucesso – a abordagem ContinuousNEXT.
“A transição para o digital é inegável e está em ritmo acelerado, sendo disruptiva no governo e nos modelos de negócios empresariais. Esses novos modelos redefinem a maneira como organizações criam, entregam e capturam valor. Desafiam a maneira como CIOs atuam, fomentando novas mentalidades e novas práticas para TI”, diz Sribar.
“Quase dois terços dos CEOs (Chief Executive Officers) e CFOs (Chief Financial Officers) antecipam a mudança do modelo de negócio por conta da Transformação Digital, sendo que os investidores estão encorajando essas mudanças. Eles recompensam organizações que envolvem todos os produtos e serviços com competências digitais”, afirma Sribar. “Eles não estão apenas interessados em dados – que agora é notícia velha. Desejam saber o que você faz com dados por meio de analytics avançados e inteligência artificial. Os líderes aplicam tecnologias e informação de maneira única e criativa para superar seus colegas. Isso é o que distingue esses profissionais dos demais. Nesse cenário, entra a abordagem ContinuousNEXT”.
Dinamismo
Em um ambiente que se desenvolve em meio a contínuas mudanças, cientistas de dados do Gartner têm identificado que o maior indicador de sucesso é o dinamismo organizacional. Mais do que apenas ser conduzido pelos negócios, e não importa se modelos governamentais são livres ou reguladores, o principal fator de sucesso é o dinamismo. Trata-se da habilidade de abraçar a mudança e adotar tecnologias de um novo jeito. Mais de três quartos das organizações enfrentam dificuldades com o dinamismo. “A forma como você adota tecnologia importa, e o dinamismo é um fator crítico”, destaca Sribar.
Privacidade
Dominar a privacidade e criar conexões digitais confiáveis é um requisito fundamental para o “ContinuousNEXT”. Se CIOs não gerenciarem com sucesso as questões de privacidade, o processo de Transformação Digital estará em risco por completo. Cada vez mais, a privacidade leva à confiança, e confiança é poder.
No entanto, devido às recentes violações de segurança, há um crescente ceticismo dos consumidores, o que impacta a confiança. Pela primeira vez, um grupo considerável de clientes e colaboradores não estão dispostos a abrir mão de segurança e da tranquilidade em troca de conveniência. Muitos consumidores, inclusive, já excluíram parte de suas contas das mídias sociais ou atualizaram suas configurações de privacidade.
“Como um CIO, você tem a responsabilidade de manter a proteção dos dados de consumidores, cidadãos e colaboradores”, afirma Sribar. “Isso geralmente significa colocar alguém encarregado no comando de um programa de gerenciamento de privacidade, detectando e reportando imediatamente violações, garantindo que indivíduos tenham controle de seus dados. Essa é uma questão que deve ser tratada pela diretoria, mas apenas metade das organizações possuem controles adequados”, diz o analista.
Inteligência aumentada
Inteligência aumentada é o passo lógico além da Inteligência Artificial, é a união da tecnologia com a capacidade humana. Por exemplo, há uma crescente opinião do público que sistemas de Inteligência Artificial vão modificar a força de trabalho, mas o Gartner não enxerga isso como algo prejudicial aos trabalhadores. “Acreditamos que a inteligência artificial e as novas tecnologias vão ajudar na criação de novos empregos”, ponderou o VP.
“Colocar os profissionais lado a lado com avançados sistemas de Inteligência Artificial, processos e robôs permite que as funções desses trabalhadores sejam mais impactantes”, diz Sribar. “Companhias que hoje adotam Inteligência Artificial permitem que seus colaboradores mantenham seus empregos, embora de uma forma nova, tornando esses cargos ainda mais significantes e gratificantes”.
Cultura
As organizações devem ter uma cultura dinâmica para viabilizar o ContinuousNEXT. No entanto, a cultura é identificada por 46% dos CIOs como a maior barreira para realizar a promessa dos negócios digitais. Analistas do Gartner dizem que mudança de cultura nem sempre precisa ser grande e difícil.
“Invada sua cultura para mudá-la”, explicou Sribar. “Ao
hackear a cultura, não temos a intenção de encontrar um ponto vulnerável para invadir um sistema. Trata-se encontrar pontos vulneráveis em sua cultura e transformá-los em mudanças reais que possam ser aderidas. ‘Hacking’ significa realizar ações menores que normalmente são negligenciadas. Grandes invasões também estimulam repostas emocionais, geram resultados imediatos e estão visíveis para um grande número de pessoas de uma única vez”.
Segundo Sribar, muitos CIOs estão gastando 70% do seu tempo em reuniões ou enviando e-mails. Eles podem obter tempo livre cancelando reuniões de status, substituindo-as por briefings ou atualizações por escrito. Os líderes estão mudando o esquema de autoridade de tomada de decisões para que outros possam agir. O Gartner indica que os CIOs devem estar abertos a responder questões difíceis, não tratar os problemas apenas à portas fechadas e deveriam deixar os autores de “grandes ideias” se tornarem o CEO delas.
Digital Product Management
O gerenciamento de produtos digitais é um requisito fundamental do “ContinuousNEXT” e acelerar sua adoção significa que se os CIOs não começarem logo eles nunca conseguirão alcançar outros players do mercado. A pesquisa do Gartner 2019 CIO Agenda mostra que os funcionários com melhor desempenho têm duas vezes mais probabilidade de fazerem entregas centradas em produtos.
“O Digital Product Management não é apenas uma maneira diferente de fazer TI. É um jeito diferente de fazer negócios. Estamos falando de tratar TI como um produto cujo ciclo de vida envolve a adaptação contínua, evolução. Deixamos de lado o conceito de projetos com começo, meio e fim”, explica
Donald Feinberg, Vice-Presidente de Pesquisa do Gartner.
“Hoje, as companhias mais poderosas mesclam tecnologias digitais aos produtos para criar uma nova prática de gerenciamento. Por exemplo, ninguém pergunta mais para a Amazon se ela é uma varejista ou uma companhia de tecnologia. Ela ganha sendo ambas. A Tesla é uma companhia de tecnologia na indústria automobilística. A Apple é uma empresa de tecnologia, que agora está na indústria de saúde. A tecnologia digital e inovação de produtos estão se tornando indivisíveis em todas as indústrias”.
Feinberg afirma que gerentes de produto terão de aplicar Design Thinking e metodologias ágeis para moldar as experiências dos usuários. Analytics e inteligência contínua impulsionam a constante evolução dos produtos, e DevOps contínuos entregam semanalmente, ou até mesmo diariamente, atualizações de produtos. “É por isso que o Digital Product Management ultrapassa o gerenciamento de projetos de TI”, explica.
Digital Twins
Digital Twins são geralmente usados para gerenciar objetos físicos, tais como motores de jatos e turbinas eólicas por meio de sensores e modelagem de computador. No entanto, Digital Twins estão evoluindo e ficando cada vez mais robustos.
Cindi Howson, Vice-Presidente de Pesquisa do Gartner, afirmou que os CIOs poderiam criar um modelo Digital Twin para cada organização, o que o Gartner chama de DTO. Com os DTOs, os CIOs podem acompanhar virtualmente como pessoas trabalham, os sistemas e os processos com os quais têm contato e como o trabalho se desloca de um departamento para outro em suas organizações. É como tirar o telhado do local de trabalho e olhar para dentro.
“Em um DTO, você começa com um ambiente real, com pessoas reais e máquinas trabalhando juntas”, explica Howson. “Isso gera inteligência contínua sobre o que está acontecendo em tempo real. Permite que os CIOs modelem diferentes cenários, escolham um, tornando-o depois real no mundo físico”.