06/07/2020
crédito: divulgação Kyvo
Fundada em 2015, em São Paulo, a Kyvo é uma plataforma global de inovação formada por profissionais de perfil multidisciplinar, com a missão de desenhar um futuro mais ágil, criativo e conectado para empresas e organizações. A empresa é uma das parceiras do ABES Startup Internship Program, iniciativa que visa fortalecer as empresas, gerar sinergia entre fundos de investimentos, incubadoras e aceleradoras, além de contribuir para que os negócios possam superar os desafios dos mercados nos quais atuam.
As startups participantes do
ABES Startup Internship Program passam a contar com os mais de 33 anos de experiência da ABES nas áreas jurídica, regulatória, tributária e mercadológica pelo período de 6 meses, sem custo. O pacote inclui acesso ao plantão jurídico-tributário, certidões para participação em licitações, orientadores legais, guias, completa infraestrutura de compliance, planos de saúde e dentário, pesquisas de mercado e comitês sobre relevantes temas do setor.
Para falar sobre esta parceria, inovação, empreendedorismo e as perspectivas para as startups, o Portal da ABES entrevistou *
Hilton Menezes, fundador e CEO da Kyvo, uma plataforma global de inovação, que deseja criar um futuro mais ágil, criativo e inovador para empresas. Ele tem mais de 20 anos de experiência em Tecnologia da Informação e Negócios Digitais. Além disso, é cocriador do #movimentomoara, dedicado a fomentar a inovação para a sustentabilidade e regeneração da Bacia Amazônica. A Kyvo trabalha a partir de três unidades de negócios: soluções de consultoria, aceleração corporativa e também a gestão estratégica da comunicação e reputação de marcas. Atua em todo o ecossistema dos negócios, com metodologias de pesquisa qualitativa, análise de dados e service design para o desenvolvimento de produtos e serviços com visão centrada no ser humano. Além da sede em São Paulo, a Kyvo possui filial em Lisboa e parcerias ativas no Vale do Silício, Miami, Londres e Tel Aviv. Acompanhe a entrevista!
Como avalia a parceria com a ABES para os projetos das startups apoiadas pela Kyvo?
De extrema relevância, principalmente pelo momento de pandemia que estamos vivendo, pois, ao colocar à disposição das startups a experiência da ABES nas áreas jurídica, regulatória, tributária e mercadológica, em junção com as metodologias da Kyvo, proporcionamos condições para que os negócios possam superar as dificuldades presentes no mercado.
Quais os diferenciais da atuação da Kyvo no segmento de inovação e empreendedorismo?
A Kyvo tem um conjunto de serviços para trabalhar todas as necessidades de inovação de uma empresa, desde inovação em tecnologia até a cultura organizacional, independente do seu tamanho ou complexidade.
Na consultoria, com base em antropologia e pesquisa etnográfica combinada com a metodologia de design de serviço e análise de dados, estudamos o comportamento e as necessidades dos consumidores para projetar os melhores modelos de negócios e serviços a serem implementados nas empresas.
Em nosso braço de inovação organizacional, criamos programas de intraempreendedorismo, implantamos ferramentas digitais de gestão de ideias e capacitamos os profissionais em novos modelos ágeis e colaborativos de trabalho, promovendo, assim, a inovação interna da empresa. Ainda nesta frente, temos uma aceleradora corporativa, responsável por desenvolver e implementar programas de inovação aberta, em diferentes segmentos/verticais, conectados com o mercado de startups.
Nossa iniciativa mais recente foi a criação de uma consultoria em comunicação estratégica, que faz uso de ciência de dados, para alavancar a reputação de marcas e empresas.
O que é a metodologia de Service Design?
Metodologias de design têm sido aplicadas em vários setores de negócios. O design de serviço é uma especialização do design com objetivo de melhorar serviços e proporcionar que pessoas obtenham a melhor experiência em sua jornada de consumo. Hoje, é inadmissível para uma indústria criar um bem ou produto (tangível) sem um design de produto, certo? Pensamos o mesmo para a economia de serviços (intangível). Pensamos ser primordial o design de serviço para uma empresa de serviços (físicos ou digitais) se destacar de seus competidores.
Quantas startups e empresas são investidas e quais são os principais projetos apoiados pela Kyvo em andamento, atualmente?
É importante dizer que não somos uma aceleradora que investe diretamente em startups em troca de uma participação das ações (equity). Somos uma aceleradora corporativa, que cria programas para que corporações ou negócios tradicionais possam acelerar sua inovação com a ajuda de startups.
Desde 2017, fizemos aproximadamente 10 programas com empresas como Visa, EDP, Edenred, Estrella Galicia e outras. Avaliamos mais de 2000 startups e aceleramos por volta de 120 selecionados. Como resultado temos 66% das startups com contratos assinados ou desenvolvendo projetos com as corporações, acelerando o negócio de ambos. Também tornamos às startups mais eficientes, pois a taxa de mortalidade das que passam pelo nosso programa é de 15%, frente a uma taxa de mercado acima de 50%.
Tem algum case de sucesso (já em fase adiantada de execução ou concluído) que gostaria de citar?
Os projetos citados anteriormente já são exemplos de cases de sucesso de startups. Mas vou citar um caso realizado pela nossa consultoria de inovação e outro pela nossa gestão estratégica de comunicação. No final de 2019, o Banco BS2 estava nos preparativos para lançar seu braço digital e precisava entender melhor se os serviços e estratégias montadas para o público-alvo já pensado pelo banco fazia sentido. Nossa consultoria mostrou que o público-alvo não fazia sentido, apresentou novos perfis de consumidores que melhor se relacionava com as estratégias do banco e criou um novo roadmap de serviços digitais para estes. A partir dessa experiência, o BS2 passou a adotar o design de serviço como disciplina essencial dentro de suas equipes de trabalho.
Na frente de comunicação, temos auxiliado startups a conquistarem algo valioso para quem enfrenta os desafios de estabelecer um novo negócio: a construção de uma reputação sólida. Fazemos isso com um time experiente de jornalistas ligados aos temas de inovação, o que complementa as soluções da Kyvo, pois, além de estruturar novos negócios, mostramos ele a um grande público. Um exemplo recente é a Lar.app, investida pelo fundo alemão GFC.
Quais os principais desafios para os empreendedores e os investidores que apoiam startups? Como ter retorno do investimento?
O desafio sempre versa sobre a capacidade de retorno mediante o investimento realizado. Em momentos como esse, claro, que ter um bom fluxo de caixa garante longevidade. Mas não é só isso. O nome do jogo é resiliência; e tê-la significa fazer escolhas, que muitas vezes não são populares. Por isso, o mercado está mudando de bicho. Deixando para trás o unicórnio e apostando nas startups “camelo”, uma analogia aquelas que são capazes de atravessar grandes percursos, mesmo que sejam áridos, e chegar ao fim entregando resultados.
Quais são os desafios e perspectivas para o Venture Capital (VC) com a pandemia?
O Venture Capital, muito em linha com essa estratégia de valorizar as startups camelos, anda de olho na capacidade de sobrevivência da empreitada. É claro que a boa tese de investimento vai encontrar espaço, mesmo em um mercado mais difícil. Até porque gestores de fundos de Venture Capital não vão colocar os ovos em uma única cesta. A ideia é diversificar os investimentos, com o costumeiro rigor de previsibilidade de negócio, crescimento, capacidade de se colocar diante das adversidades e retorno da operação. A pandemia endureceu o jogo, mas as crises são assim. Elas tornam tudo mais seletivo e isso é bom. Portanto, gestores de fundos VC vão olhar oportunidades em todo canto, tanto os brasileiros no exterior, como os de fora aqui.
Um bom exemplo é a Magnamed, startup que produz ventiladores pulmonares, um produto essencial nessa pandemia, e cliente da Kyvo em Reputação. A empresa recebeu capital semente do BNDES via KPTK, gestora de fundos de VC, e se mostrou não só resiliente à pandemia, como também uma aposta da indústria nacional para a produção de equipamentos médicos para o tratamento da Covid-19. Isso, num cenário de diversificação de portfólio, é fundamental para equilibrar o risco.
*Hilton Menezes - Fundador e CEO da Kyvo, uma plataforma global de inovação, que desejam criar um futuro mais ágil, criativo e inovador para empresas. Tem mais de 20 anos de experiência em Tecnologia da Informação e Negócios Digitais. Trabalha a inovação desde a cultura organizacional até a tecnologia, executando programas de Transformação Digital, Intraempreendedorismo e Inovação Aberta em parceria com centros de inovação do Vale do Silício, Israel, Londres, Espanha e Portugal. Co-criador do #movimentomoara, dedicado a fomentar a inovação para a sustentabilidade e regenerabilidade na Bacia Amazônica. É Co-fundador da Service Design Network Brazil, especialista em negócios pela FGV e em design estratégico pelo Instituto Europeo Di Design.