15/10/2019
Negócios exponenciais foi o tema de um dos paineis da ABES SOFTWARE CONFERENCE 2019, promovida em 14 de outubro no Centro de Convenções São Paulo Corporate Towers, em São Paulo, que contou com a participação da fundadora e CEO da BayBrazil, Margarise Correa; do Diretor Executivo do Global Gateway do Banco do Vale do Silício, Andrew Tsao; e do fundador e CEO da israelense IBI-Tech, Daniel Skaba. Eles falaram sobre os caminhos da inovação nos dois principais polos de inovação do mundo.
A moderação do painel foi realizada por Gérson Schmitt, fundador e presidente do Conselho de Administração da Paradigma Business Solutions e membro do Conselho Deliberativo da ABES. A questão-chave foi discutir o que, de fato, pode ser aplicado na realidade brasileira a partir da experiência no Vale do Silício e de Israel.
Margarise Corrêa, a CEO da BayBrasil, destacou que talento e diversidade são componentes essenciais e marcantes no Vale do Silício. “Essa região da Califórnia, nos EUA, agrega multinacionais importantes e possui uma cultura totalmente voltada à inovação e ao empreendedorismo. Lá se concentram muitos investimentos para a criação e expansão de empresas disruptivas, capazes de revolucionar o mercado. Para se ter uma ideia da sua diversidade, 70% das empresas possuem imigrantes em posição de liderança sênior e 64% dos estrangeiros do Vale do Silício são de fora dos EUA. A abundância de recurso é outro aspecto que gera a inovação na região. Acredito que estes são alguns dos aspectos que transformaram o Vale do Silício no que ele é hoje”, explicou.
Margarise afirmou que o mercado brasileiro é muito relevante para o Vale do Silício. “Há empresas brasileiras que operam no Vale e são importantes para a região. Muitas empresas de lá, nos últimos quatro anos, abriram operações no Brasil, porque entendem que aqui é um mercado promissor para o crescimento delas. O inverso também é verdadeiro, porque há várias empresas brasileiras que estão atuando no Vale. Como exemplo é possível observar o sucesso de brasileiros que atuam no Vale do Silício, como Alex Dantas (Circuit Launch), Henrique Dubugras (Brex) e Mike Krieger (Instagram)”.
De acordo com a CEO da BayBrazil, um número crescente de profissionais altamente qualificados trocaram cidades como São Paulo, Campinas, Rio de Janeiro e Florianópolis pelo Vale do Silício. Entre eles estão programadores, designers, desenvolvedores de produtos e cientistas de dados.
Apoio para captar investimentos no Vale do Silício
O Vale do Silício é um dos maiores polos de investimento do mundo. Segundo uma pesquisa da consultoria PricewaterhouseCoopers, o financiamento de negócios nesta região aumentou em 24% no terceiro trimestre de 2018 em comparação com o segundo. Mas quem aplica dinheiro no Vale do Silício? São investidores de diferentes tipos e empresas.
Andrew Tsao, Diretor Executivo do Global Gateway do Banco do Vale do Silício, explicou como a sua instituição financeira atua neste cenário de investimentos crescentes e como dá apoio às empresas brasileiras. “Não oferecemos os mesmos serviços que outros bancos oferecem. Atuamos para aumentar as possibilidades de sucesso de nossos clientes. Quando chegamos ao Brasil - há sete anos – vimos que as startups e os empreendedores brasileiros eram incríveis e com grande potencial de crescimento, o que aconteceu numa velocidade fantástica, apesar do panorama de recessão que estava instalado na economia nacional naquela época. Hoje temos mais de 250 clientes brasileiros em nossa carteira”, destacou.
Em sua apresentação, o executivo foi afirmativo ao dizer que se alguma empresa ou startup quiser operar no Vale do Silício, a instituição financeira oferece uma consultoria sobre as práticas de leis e tributos locais, indicando especialistas em contabilidade e direito na região, como também apontam os caminhos para obter recursos norte-americanos.
A experiência israelense
Em Israel, o número de empresas focadas em inovação impressiona. O país é formado por pouco menos de 9 milhões de habitantes e consegue ter um dos maiores investimentos de venture capital per capita do mundo. Para efeito comparativo, apenas a cidade de São Paulo tem, hoje, por volta de 12 milhões de pessoas. Tendo em vista esse tamanho de mercado, as empresas israelenses já nascem desenvolvendo produtos e serviços globais. Prova disso é que Israel é o segundo país com maior número de companhias listadas na Nasdaq. Mas o que faz Israel ser esse celeiro de inovação?
Para Daniel Skaba, CEO da IBI-Tech, a inovação israelense se expande para todos os setores. “Necessidades existenciais, de tamanho e características geográficas e políticas levam à geração de soluções para diferentes áreas. Isso tem levado Israel e exportar tecnologia. Um bom exemplo disso é que este país não possui uma fábrica automobilística. Todos os carros de lá são importados. Mas existem em Israel mais de quatro mil startups voltadas para a área automobilística”.
A experiência de Skaba o leva a ser enfático ao afirmar que é necessária uma forte união entre o setor privado e a academia na busca de soluções. “Cooperação é a palavra-chave para o investimento em empreendimento. A relação com as universidades é um dos pilares ao qual tem que se dar muita atenção. Se não tem uma universidade envolvida, as soluções serão limitadas. Por outro lado, o governo precisa entender o que o empreendedor precisa e, assim, oferecer condições para que este empreendedor possa desenvolver soluções”, conclui.