25/11/2016
Time de palestrantes e dirigentes da ABES
Recomendações efetivas para processos de fusões e aquisições
O Brasil está no fim de um ciclo econômico negativo, mas nem mesmo a crise afastou o fluxo de investimentos estrangeiros para o país, vindos de empresas ou de fundos. Diante deste cenário, que aponta para a retomada do crescimento econômico, ABES promoveu para os seus associados um encontro com o tema “Como adquirir ou vender um negócio? Fusões e aquisições: recomendações e dicas sob diversos ângulos”, no dia 24 de novembro, em São Paulo.
Para James Sinclair, fusões e aquisições voltarão a crescer
O sócio e CEO Brasil da Lincoln International, James Sinclair, acredita que os processos de fusões e aquisições no mercado nacional voltarão a crescer em 2017. Referência mundial neste setor, a Lincoln é um dos poucos bancos de investimento focados em empresas de pequeno ou médio porte.
Dados da KPMG e da PWC mostram que o setor de tecnologia da informação tem liderado o ranking das fusões e aquisições no país e que as transações de pequeno e médio porte representaram 73% do total das operações divulgadas em 2015. respectivamente. Sinclair lembra, entretanto, que a falta de preparo dos empresários pode afetar negativamente o valor da empresa.
“Negociar preço não é tudo”, essa é a afirmação do diretor da Lincoln International, Roberto Aldworth, destacando que existem diferenças na condução das negociações com fundos, que têm data para sair do negócio, ou com outra empresa. “O tempo médio do processo é de 8 meses de trabalho, desde a preparação, passando para o contato com os investidores, o recebimento das propostas até o fechamento”, explicou o executivo.
Ele observou que existem quatro opções de processos de venda: dedicado (contatos com apenas um possível comprador); alvo selecionado (escolha de mais investidores focados no setor); leilão controlado (contato com um grupo mais amplo de investidores estratégicos e financeiros); e leilão amplo (um grupo bem maior de investidores). “É importante entender o que o comprador busca na aquisição de uma empresa, de uma unidade de negócios ou de participação acionária. O interesse pode estar direcionado à conquista de market share, de tecnologia, do portfólio de marcas e produtos, de capital intelectual, entre outros fatores".
Como garantir o valor da empresa
Octavio Zampirollo explicou a due dilligence
A due dilligence, que envolve todo o levantamento e auditoria das informações sobre a empresa à venda, pode ser realizada antes mesmo de iniciar qualquer contato com um potencial comprador. “Neste sentido, é uma forma de evitar possíveis problemas que emperram as tratativas em andamento ou afetam o valor da transação, pois se verifica todos os aspectos contábeis, financeiros, legais, fiscais, tributários, previdenciários, mercadológicos e ambientais, a fim de se identificar e corrigir as incosistências", avaliou Octavio Zampirollo, sócio da Grant Thornton, empresa de auditoria. De acordo com o executivo, as negociações que envolvem pequenas e médias empresas trazem a vantagem de os gestores apresentarem, normalmente, grande conhecimento do mercado nos quais as empresas estão inseridas, mas, por outro lado, os auditores e consultores precisam lidar com o intenso envolvimento emocional dos sócios, pois muitas delas são companhias familiares.
Alberto Mori: as questões jurídicas nas negociações
O advogado e sócio da Trench, Rossi e Watanabe Advogados, Alberto Mori, enfatiza que é melhor conhecer as fraquezas e os problemas da empresa que será vendida antes de abrir as portas para os potenciais compradores, sendo que o advogado tem o papel de promover uma auditoria jurídica de contratos, propor medidas preparatórias, como ajustes no quadro societário, verificar a necessidade de autorização governamental para a transação, elaborar declarações e carta de intenções, entre outras atividades, incluindo todo o mapeamento das questões legais envolvidas com possíveis passivos – fiscais, trabalhistas, previdenciários etc. – inclusive avaliar a existência de jurisprudência em questões de risco jurídico.
A advogada e sócia da Trench, Rossi e Watanabe Advogados, Flávia Rebello Pereira, lembra que nos temas de propriedade intelectual, a auditoria vai identificar como estão os registros de marcas e patentes no Brasil e em outros países, caso a empresa tenha atuação internacional; identificar as questões de direitos autorais com colaboradores que trabalham no desenvolvimento de programas; avaliar os contratos, caso a empresa seja distribuidora, entre outros pontos “Até mesmo o uso de software livre no código-fonte de um software proprietário precisa ser evidenciado e pode afetar o valor da transação”, diz.
Josmar: "apresentações trazem valor para os associados"
“Foi um excelente conteúdo, bem relevante nos diais atuais. Estas apresentações trazem valor para os associados da ABES”, comentou o COO da Niteo Informática, Josmar Machado. “É muito importante conhecer o assunto, ainda mais diante do crescimento das empresas de tecnologia. Mesmo que não tenhamos o objetivo imediato de vender ou comprar, considero fundamental saber as etapas do processo e entender como devemos nos comportar, se um dia aparecer uma oferta”, completou o sócio e diretor da Ifractal, Marcelo Germano de Oliveira.
Confira as apresentações:
Adquirindo e Vendendo Empresas – De A a Z - James Sinclair e Roberto Aldworth, Lincoln International
Fusões e aquisições: recomendações sob diversos ângulos - Octavio.Zampirollo, Grant Thornton Brasil
M&A – Alguns spectos Jurídicos com Enfoque na Área de Tecnologia da Informação - Alberto Mori e Flávia Rebello, Trench, Rossi e Watanabe Advogados