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Cidades Inteligentes: economia compartilhada utilizando a tecnologia blockchain

05/06/2018

*Por Débora Morales
 
Muitas cidades se definem inteligentes quando identificam características de conectividade, inclusão digital, força de trabalho e conhecimento. Por meio de aplicações inovadoras e de tecnologias, elas apoiam a partilha comunitária envolvendo elementos cumulativos, como governança, mobilidade, uso inteligente de recursos naturais, cidadãos e economia. Devido à dinâmica de restrição de espaços e alta densidade populacional, as cidades são naturalmente concebidas para compartilhar economias com consumo. Porém, se suas melhorias são setoriais ou limitadas, elas não podem ser chamadas de inteligentes.
 
A transformação de cidades em inteligentes beneficia o uso de recursos urbanos como espaço, transporte, serviços, alimentos, bens e dinheiro. E a economia compartilhada permite o emprego desses recursos de forma colaborativa, definindo um modelo socioeconômico que permite o uso de ativos subutilizados, num sistema em que a oferta e demanda interagem para uma melhor oferta de produtos e serviços.
 
Do lado da oferta, os indivíduos podem oferecer coisas como aluguel de curto prazo de seus veículos ociosos ou salas extras em seus apartamentos ou casas. Do lado da demanda, os consumidores podem se beneficiar em alugar bens a um preço menor ou com gastos transacionais mais baixos do que comprar ou alugar por meio de um provedor tradicional. E esse compartilhamento, facilitado pela tecnologia e pela internet, já é uma realidade: Airbnb, Snap-Goods, Uber e RealyRides são exemplos de conexões que desbloqueiam o valor inerente ao compartilhamento de recursos sobressalentes em plataformas e oferecem muitas vantagens para atrair os dois grupos por meio de efeitos de rede.
 
Por meio da tecnologia, compartilhar economia fornece a base dessas inovações de maneira imediata, contribuindo para que uma cidade se torne inteligente. Com uma infraestrutura tecnológica significativa, a forma como os recursos são compartilhados é transformada, sendo o capital humano destacado nesse cenário, uma vez que a inteligência das cidades leva em consideração, acima de tudo, o bem-estar da sociedade. Assim, os cidadãos podem liderar vidas criativas, embora ainda encontrem uma barreira para a tão esperada revolução: a confiança.
 
Apesar de uma cidade inteligente ser feita para o cidadão, sua inovação esbarra exatamente nele. Dentre todos os outros fatores humanos, confiar é o mais importante desafio da economia compartilhada, uma vez que se trata de um sistema dependente de outros usuários.
 
Para atingir com sucesso essa ideia, uma alternativa seria o uso da tecnologia blockchain, pois ser “livre de confiança” é uma característica central dos relacionamentos dos indivíduos na abordagem baseada em blocos. Com a eliminação de intermediários, redução dos custos operacionais e aumento da eficiência de um serviço de compartilhamento, os indivíduos têm autonomia sobre os registros de cada transação realizada, que são inseridos na rede.
 
Nos serviços de compartilhamento, a confiança não é colocada em um indivíduo, mas sim distribuída em toda a população. O uso das autoridades centrais é substituído por uma comunidade de pares na forma de uma rede peer-to-peer. Sendo assim, ninguém pode tomar ações unilateralmente em nome da comunidade e os serviços de compartilhamento acabam sendo democratizados e livres de confiança. Nessa hipótese, o software pode automatizar grande parte do processo de transação, permitindo que as promessas contratuais sejam aplicadas sem envolvimento humano. Simples. Prático. Seguro. E, assim, cidades realmente inteligentes.
 
 
*Débora Morales é mestra em Engenharia de Produção (UFPR) na área de Pesquisa Operacional com ênfase a métodos estatísticos aplicados à engenharia e inovação e tecnologia, especialista em Engenharia de Confiabilidade (UTFPR), graduada em Estatística e em Economia. Atua como Estatística no Instituto das Cidades Inteligentes (ICI).
 
Aviso: A opinião apresentada neste artigo é de responsabilidade de seu autor e não da ABES – Associação Brasileira das Empresas de Software.