30/11/2017
Desafios dessa tecnologia foram discutidos no 2º Blockchain Fórum
Consultores consideram que os negócios globais utilizando blockchain vão crescer de forma acelerada, tanto em valores quanto em volume nos mais diversos países, com interesse cada vez maior por parte das empresas e do setor público. Especialistas dizem que essa tecnologia, que alicerça as transações com as criptomoedas, vai transformar mercados e a troca de informações em todos os setores da sociedade. Os palestrantes do 2º Blockchain Fórum, realizado no dia 28 de novembro de 2017, em São Paulo, apontam que ainda existem muitos desafios em relação ao uso e ainda faltam mais casos de sucesso, que impulsionem a adoção da tecnologia, principalmente no Brasil. Evento contou com o apoio institucional da ABES.
Jair Lamounier
Para Jair Lamounier, Presales Enterprise Architect da SAP, o blockchain deve ser utilizado para gerar valor, alavancar um negócio, sendo que a tecnologia deve ser analisada tendo em vista as alternativas existentes e a necessidade de escalabilidade. “Um plano estratégico claro deve ser estabelecido para a aplicação adequada de blockchain”, ponderou. A empresa tem utilizado a tecnologia em diferentes projetos ao redor do mundo e integrado consórcios e institutos de pesquisas sem fins lucrativos em torno do assunto, entre eles o Blockchain Research Institute.
Confiabilidade e autenticidade
Fernando Wosniak Steler, fundador e CEO da Direct.One, considera que o blockchain vai revolucionar a forma como realizamos negócios na internet e será o protocolo que permitirá a troca de valores pela web, tanto de dinheiro como de documentos digitais, e citou como exemplo a discussão no mercado de seguros. “Vivemos uma disrupção no setor de seguros com as insurtechs, mas existem normas que regem as transações de produção e troca de documentos digitais nesse mercado. Acreditamos que o blockchain virá para fortalecer a cadeia de confiança e resolver problemas burocráticos. Temos um projeto-piloto em andamento com a Seguros Sura, de autenticação das mensagens eletrônicas, bastante promissor, mas que impacta em mudanças de regras e de cultura”, explicou.
Eduardo Ribeiro Guedes
Esse ponto crítico foi confirmado por Eduardo Ribeiro Guedes, diretor de Tecnologia e Operações na Sura, que participou do fórum, ressaltando que o blockchain deverá contribuir no combate à falsificação de documentos, especialmente no mercado de transportes, como uma solução que possa ser adotada por todas as empresas e clientes. Em sua avaliação, o segmento ainda não dispõe de ferramentas que permitam fazer a transmissão de documentos com segurança, validação e total confiabilidade.
Da engenharia à saúde
Marcus Granadeiro
O aspecto da comprovação da autenticidade dos documentos digitais também foi ressaltado por Marcus Granadeiro, presidente da Construtivo.com, que já está utilizando blockchain em sua empresa e no relacionamento com os stakeholders de uma obra. “São construções que demoram muito tempo para serem finalizadas e de vultosos investimentos, que demandam intensa troca de informações, compartilhamento de documentos, contratos e endossos. Os litígios, quando ocorrem, também costumam surgir anos depois da finalização do trabalho. Por isso, vislumbramos no blockchain uma tecnologia que permite dirimir as contestações”, esclareceu.
Quanto à revolução digital na saúde, Guilherme Rabello, gerente do InovaIncor/Fundação Zerbini, considera que o aumento do uso da internet das coisas na área de saúde vai levar a criação do “blockchain of things”, pois já está próxima a necessidade de se garantir a autenticidade e a integridade das informações geradas pelos equipamentos médicos e dispositivos, como os wearables. “Estamos saindo da era da doença para o período da prevenção. Mas, quem de nós consegue ser dono dos seus dados médicos, quais estabelecimentos hospitalares trocam informações? O blockchain deverá facilitar essas transações que, hoje em dia, são muito complexas, e revolucionar a área da saúde”, destacou. Em sua avaliação, a tecnologia já pode ser imediatamente aplicada para a troca de informações entre banco de dados de saúde, nos contratos inteligentes e na identificação universal de pacientes.