Foi lançada a terceira edição do estudo “Endeavor Índice de Cidades Empreendedoras”, que tem como objetivo ser a base para que as cidades entendam como oferecer melhores condições para que seus empreendedores possam crescer.
Nesta edição foram incluídos quatro novos indicadores, de custo e complexidade tributária municipais, fazendo com que as cidades sejam avaliadas agora também quantos aos custos e a complexidade de pagar impostos que a prefeitura recolhe. Outro indicador importante que foi adicionado é de fluidez do trânsito, aspecto que monitora o quanto pessoas e mercadorias se locomovem de forma rápida na cidade.
Assim como na edição passada, o Índice de Cidades Empreendedoras analisou 32 municípios por meio de 60 indicadores em sete pilares: Ambiente Regulatório, Acesso a Capital, Mercado, Inovação, Infraestrutura, Capital Humano e Cultura Empreendedora. Os principais destaques mostram que todas as cidades possuem pontos a melhorar e, para ajudar nessa tarefa, foram apresentadas iniciativas em cidades brasileiras e estrangeiras que estão melhorando o ambiente empreendedor local com ações muitas vezes simples.
Principais destaques
Na edição 2016 do Índice de Cidades Empreendedoras, a cidade de São Paulo conseguiu abrir vantagem sobre Florianópolis, a segunda colocada. A capital paulista obteve, pelo segundo ano consecutivo, a liderança do ICE e, pela primeira vez, todas as cinco cidades do estado no estudo aparecem entre as 10 melhores no ranking geral. As cidades do interior paulista apresentam os resultados mais consistentes em diferentes pilares, ao mesmo tempo em que possuem custos relativamente mais baixos que diversas capitais. Especialmente por ser o centro financeiro do país e ter o maior mercado consumidor, São Paulo continua sendo extremamente atraente aos empreendedores de alto impacto. Uma realidade cada vez mais presente em todo o Estado.
Florianópolis perde fôlego
Florianópolis liderou a primeira edição em 2014. Em 2015, apareceu na segunda posição, praticamente empatada com São Paulo. Nesta terceira edição, a distância para a capital paulista aumentou. Mesmo repetindo vários excelentes resultados estruturais das últimas edições, a cidade vem perdendo parte do seu fôlego, como no Índice de Inovação, em que agora é vice-líder. Ainda assim, ela continua sendo um exemplo de planejamento e da importância dos formuladores de políticas públicas para o desenvolvimento econômico, institucional e social, em uma história que começou há mais de 30 anos, com foco intenso na formação de boas escolas e universidades.
Impactos da crise
O empreendedorismo, como era de se esperar, não sai ileso da crise. Além da recessão econômica, que fez o crescimento médio do PIB nas cidades da pesquisa desacelerar de 3,9% no triênio 2010-2012 para 2,4% entre 2011 e 2013, outros efeitos são visíveis. É o caso dos recursos financeiros, com queda na poupança per capita, nos empréstimos e nos investimentos de Private Equity, com redução de 23%. Diversos parques tecnológicos ainda não saíram do papel, e a educação também foi afetada, com queda inédita na proporção de alunos no ensino médio (2,2%) e fechamento de vagas no ensino técnico por todo país. No entanto, sempre há o lado cheio do copo: empresas exportadoras cresceram em 7% e, apesar de o total de empresas também ter diminuído, os setores de TICs e da Economia Criativa tiveram crescimento de cerca de 14%. Ou seja, quem conseguiu inovar mais e buscar o mercado externo pode estar saindo da crise melhor do que entrou.
A força do interior
No ICE 2015, cidades como Campinas, São José dos Campos e Joinville já apareciam entre as dez melhores. Neste ano, o interior se destaca ainda mais. Campinas é a terceira melhor, e Joinville subiu cinco posições, alcançando o quarto posto. São José aparece em sexto, e além das três, entre as 10 melhores aparecem também Sorocaba, Maringá e Ribeirão Preto. Mais uma vez, é notável a qualidade de vida e os custos mais baixos, com níveis também avançados de capital humano e inovação. Se há um descolamento maior da líder São Paulo, é inegável que o interior do Sul e Sudeste aparece cada vez mais forte.
Capitais caem
Enquanto a capital paulista domina o ICE pelo segundo ano consecutivo, o Rio de Janeiro (14ª), Curitiba (15ª) e Recife (18ª) perderam, respectivamente, 4, 7 e 14 posições em relação ao estudo anterior. Os empreendedores cariocas penam com seu péssimo ambiente regulatório, aparecendo na última posição do pilar, e apresenta condições internas complexas, com custos altos e a pior mobilidade urbana do estudo. Por sua vez, a capital pernambucana fechou 26 mil vagas no ensino técnico, e as compras públicas municipais caíram 25%, além dos problemas no trânsito que colocaram Recife na 29ª posição do indicador.
No Paraná, a capital está atrás de Maringá, além da cultura empreendedora mais favorável no interior, Curitiba também tem impostos mais altos — só está à frente do Rio em Ambiente Regulatório — e teve o maior recuo na oferta de crédito. São capitais com grandes mercados consumidores, mas precisarão fazer mais para se tornarem polos do empreendedorismo e competir com São Paulo.
Para baixar a pesquisa, acesse:
https://endeavor.org.br/indice-cidades-empreendedoras-2016/.