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ABES Software Conference debate questões que impactam setor de software e serviços

14/08/2015


Mais de 300 empresários e profissionais de TI participaram do evento
ou acompanharam a transmissão ao vivo
 
Com o tema “Ambiente de negócios em TI no Brasil”, a ABES realizou, no dia 13 de agosto, no Hotel Renaissance, em São Paulo, a ABES Software Conference 2015, que contou com mais de 300 empresários e profissionais de TI, que estiveram presentes ou assistiram às apresentações transmitidas ao vivo pela Internet. Foram debatidas as principais questões que impactam os negócios de software e serviços no país.
 
Após a abertura do evento por Jorge Sukarie, presidente da ABES, José Marcelo Zacchi, apresentador do Programa Navegador, da Globo News, falou sobre inovação em tempos de rede. Entre suas colocações, o palestrante destacou inovações em variadas áreas já abordadas no programa de TV que apresenta, como gestão pública, cultura, ciências, cidades, serviços, agricultura, saúde, educação e outras, necessariamente estão condicionadas à tecnologia da informação. “O esforço especial do programa parte da premissa que não é possível falar de inovação em nenhuma dessas áreas citadas sem falar diretamente de tecnologia, em particular de tecnologias digitais”.
 
Zacchi também abordou as várias transformações nas relações de consumo de produtos e de serviços e citou vários exemplos de iniciativas e aplicativos baseados em coprodução, em financiamento coletivo e no uso inteligente de dados, bem como de objetos conectados e de projetos disruptivos, o que considera uma oportunidade para empresas de software, pois temos uma “corrida para engajar o cidadão na gestão pública”, um processo de “desintermediação dos negócios”, com aplicativos como o Uber e o Airbnb, além de maior participação das pessoas com a internet como espaço público para debates e reinvindicações.
 
Mercado brasileiro
 
Na sequência, Jorge Sukarie apresentou o estudo “Mercado Brasileiro de Software e Serviços 2015”, que acaba de ser lançado pela ABES em parceria com a IDC. De acordo com a pesquisa, a Indústria Brasileira de TI está posicionada em 7º lugar no ranking mundial, com um investimento de US$ 60 bilhões, em 2014. Considerando-se somente o setor de Software e Serviços de TI, sem exportações, o investimento somou US$ 25,2 bilhões no ano passado. O estudo aponta que o Brasil está posicionado em 1º lugar no ranking de investimentos no setor de TI na América Latina, com 46% desse mercado que, em 2014, somou US$ 128 bilhões. Ao considerar isoladamente o Mercado de Software, o faturamento atingiu no ano passado a marca de US$ 11,2 bilhões, sem exportações. Já o Mercado de Serviços registrou valor na ordem de US$ 14 bilhões em 2014.
 
O dirigente também comentou em sua apresentação a atuação da entidade para o desenvolvimento do setor, citando os serviços mais utilizados pelos associados, como a apoio jurídico e a emissão de certidões, e destacando as parcerias, como o seguro saúde: “Nós fechamos há dois anos uma parceria com o Bradesco Saúde e conseguimos uma condição bastante favorável para os nossos associados, com uma redução bastante significativa nos custos com planos de saúde. Então, convido quem não conhece a avaliar esse benefício”.
 
Sukarie também falou sobre a atuação dos comitês de Regulação, de Tributação e o de Propriedade Intelectual, o mais antigo. “Quando iniciamos, em 1989, o índice de pirataria no país era de 90% e, segundo dados mais recentes disponíveis, em 2013, estava em 50%. Mas ter no país metade dos computadores rodando com softwares ilegais é um índice muito alto e continuamos nosso trabalho de defesa da propriedade intelectual”, avaliou. “No início, atuávamos apoiando ações de busca e apreensão, mas atualmente estamos empenhados em realizar um trabalho mais educativo, como é o caso da Campanha Empreendedor Legal”, finalizou. Todas as tendências também estão no estudo sobre o “Mercado Brasileiro de Software e Serviços – 2015.  
 
Tendências
 
As 10 principais tendências do mercado de TIC foram apontadas pelo ‎coordenador de pesquisa de software na IDC, Luciano Ramos. De acordo com ele, a receita total com serviços de Telecom, que incluem soluções móveis e custos de profissionais para redes corporativas, alcançará US$ 104 bilhões, em 2015. O uso de ferramentas móveis chegará a 1/3 dos funcionários de empresas médias e grandes.
 
Também prevê uma ampliação do mercado de segurança devido ao avanço do cloud computing, chegando a US$ 117 milhões no Brasil. Infraestrutura e serviços para nuvem terão crescimento superior a 50% do mercado de cloud pública no mercado brasileiro. Nas tendências apontadas, a IOT ou Internet das Coisas ganha visibilidade com a previsão de mais de 130 milhões de produtos conectados no Brasil. “Por fim, caminhamos para uma maior proximidade do CIO com a linha do negócio. Nem sempre as necessidades de TI estavam alinhadas à linha de negócio. Isso causava uma série de atritos. Cada vez mais os projetos de TI terão origem nas áreas de negócios e a área de TI se posicionará como viabilizadora dos projetos e das inovações”, disse Ramos.
 
Legislação e tributação
 
 
Os custos da terceirização foi o tema tratado por Mihoko Sirley Kimura, sócia da TozziniFreire Advogados. A advogada abordou os impactos do Projeto de Lei no. 4.330-A/2004, cuja proposta é regulamentar a terceirização de prestação de serviços no Brasil e que tem como principal ponto a possibilidade da terceirização da atividade-fim empresarial, podendo atingir qualquer segmento econômico e profissional. “Apesar da mobilização social contrária, o problema é que o Brasil não dispõe de uma legislação para regulamentar a terceirização, que defina o que seria atividade-fim, entre outros aspectos”.    
 
A advogada também falou da chamada “pejotização”. “No caso do prestador de serviços PJ, ele pode vir a ser reconhecido como um empregado, mesmo com a nova lei. Isso tem que ser avaliado de uma forma estratégica por cada empresa para que não se torne um custo maior por conta de ações trabalhistas. Todos os anos são movidas mais de 3 milhões de processos trabalhistas no país”.
 
Manoel Antonio dos Santos, diretor Jurídico da ABES, abordou os Impactos tributários de curto prazo. Entre eles, o andamento dos projetos de lei que mudam as formas e alíquotas de retenção do ISS e a discussão da regulamentação de proteção de dados pessoais. “Nós temos outras três ameaças ao setor de TI: a questão da desoneração, da reforma do ICMS, a do PIS/Cofins”, informou o diretor, detalhando os possíveis cenários.
 
Encerrando o evento, Murillo de Aragão, presidente da Arko Advice, empresa de análise política, apresentou uma visão político-econômica para o Brasil. Em uma apresentação bem-humorada, o consultor disse não acreditar que possa vingar o processo de impeachment contra Dilma: “Falta um fato político que defina um pedido de impeachment e as alianças partidárias atuais são mais fortes, em comparação com o que o país viveu na época de Collor”. 

Confira aqui  a cobertura da ABES Software Conference 2015. Para visualizar a galeria de fotos do evento, clique aqui.