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A tecnologia como agente transformador da relação médico-paciente

06/11/2017



Por Julio Nunes, diretor de Administração Pública e Saúde da Indra no Brasil
 
O conceito de saúde digital e as ferramentas e facilidades que a acompanham certamente ainda tem um longo caminho a percorrer, principalmente no Brasil, mas já é possível analisar dados que corroboram a inegável transformação que ela pode proporcionar no âmbito da saúde – e o quanto pode impactar na qualidade de vida de pacientes de todo o mundo. Sabemos hoje, por exemplo, que aplicações móveis já conseguem diminuir a ausência de pacientes em consultas médicas na ordem de 14%; fornecem acesso direto aos cuidados médicos no ambulatório sem burocracia de cadastros e buscas em arquivos, ou ainda permitem atendimento à distância via tele assistência, podendo inclusive serem feitos a partir da casa do paciente.
 
A tecnologia deu um impulso a este setor, a ponto de hoje dividirmos o “antes” e o “depois” de sua onda de adoção pelo meio médico. Os especialistas concordam que o denominador comum de sistemas que encabeçam o desenvolvimento da saúde são os que colocam o paciente no centro, buscando seu empoderamento. São principalmente soluções de mobile, dispositivos vestíveis, sensores remotos, big data e robótica que visam prestar cuidados de acompanhamento em qualquer hora e em qualquer lugar, oferecendo meios para gerir a Saúde Digital interligando dados do ambiente do paciente, sua vida diária e seu histórico e/ou estado clínico, tornando-os disponíveis para que profissionais da saúde façam análises destes dados de modo que  possam contribuir para a prevenção de enfermidades, acelerar tratamentos e melhorar significativamente a qualidade de vida dos pacientes.
 
Projeto bem-sucedido que visou melhorar a interação e a experiência do paciente com o sistema de saúde com o uso de aplicações móveis ocorreu no centro de informações e serviços do Ministério da Saúde de Andaluzia, na Espanha, que se tornou o canal mais utilizado pela população, chegando a quase 1,7 milhão de usuários. Mais de 117 mil chats foram atendidos por meio do serviço de mensagens instantâneas e mais de 1,5 milhões de perguntas no catálogo de informações do aplicativo. O mesmo projeto também contemplou o desenvolvimento de uma plataforma de assistência domiciliar que permitia que uma comunicação via tele assistência proativa fosse usada por pacientes crônicos, facilitando a detecção precoce de alterações no quadro do paciente. A aprovação do sistema foi imediata: após um primeiro piloto em dois centros de saúde, 97% dos pacientes consideram que o sistema melhorou o acesso aos cuidados, a taxa de mortalidade foi reduzida em 13% e o número de visitas ao médico diminuiu de 3 para 1, em média.
 
No Brasil atualmente trabalhamos em um sistema altamente avançado e moderno interligado à gestão do Sistema Único de Saúde (SUS), que impacta diretamente o atendimento à população, desenvolvido para atender as primeiras necessidades do setor, como maior controle e rapidez do atendimento aos pacientes e a desburocratização dos processos em hospitais e ambulatórios. Trata-se de um prontuário médico virtual, que pode ser acessado de forma prática, com mais agilidade e confiabilidade na informação, de maneira que o paciente receba uma atenção mais precisa e com mais rapidez. A principal vantagem é que as informações geradas no atendimento ao paciente ficam registradas em uma central, as quais podem ser acessadas digitalmente por meio da rede de computadores de qualquer unidade de saúde. Além disso, o prontuário pode ser usado pelos setores de agendamento, controle de atenção primária, secundária e especializada, urgência, estrutura, internação e solicitações.
 
O sistema também dispõe de informações sobre os programas do Ministério da Saúde e consegue enviar com mais rapidez e precisão relatórios ao órgão público, estando entre os principais indicadores assistenciais o número de pessoas por diagnóstico, prescrição por princípio ativo e grupo terapêutico, duração média de tratamento por grupo terapêutico, média estatística de segundas consultas, pacientes encaminhados para internação e motivos de entrada, comparativo de diagnósticos presumido e de alta, entre outros.
 
Com soluções de saúde apoiadas em tecnologias inovadoras, a saúde digital criará oportunidades de mercado para modelos que possam gerar maior confiança nos pacientes, envolvam as famílias na tomada de decisões do paciente, ajudem os pacientes a documentar e comunicar seus desejos para com os profissionais de saúde e, em última instância, prover maior bem-estar e satisfação ao paciente e seus familiares.